|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRANSPORTE
Por mês, R$ 6,6 milhões devem bancar remuneração de empresas; meta é garantir equilíbrio do sistema, diz prefeitura
Taxa paga por perueiros vai para viações
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os contratos de permissão firmados pela Prefeitura de São Paulo com perueiros e motoristas do
sistema bairro-a-bairro prevêem
uma taxação mensal que não era
prevista no edital e que será usada
para bancar a remuneração das
empresas de ônibus.
Essa cobrança, que deve render
R$ 6,6 milhões mensais às viações, consta de uma cláusula de
transição com exigências e critérios de remuneração diferentes
do estabelecido no texto original.
Essa fase transitória, que não
era citada no edital, também foi
inserida nos contratos de concessão dos serviços de ônibus, conforme informou a Folha anteontem. Especialistas apontaram ilegalidades nessa contratação.
A permissão a 4.984 perueiros e
motoristas do sistema bairro-a-bairro é válida por sete anos e tem
sua receita estimada em R$ 2,4 bilhões. O edital previa remuneração entre R$ 0,5899 e R$ 0,8301
por passageiro registrado nas catracas eletrônicas. Os operadores
poderiam ter até 3,5% de sua receita retida -como taxa de gerenciamento do sistema.
Pela regra de transição adicionada aos contratos, que não tem
data para acabar, eles ficarão com
os valores integrais da passagem
-R$ 1,70-, mas sofrerão a retenção de R$ 0,02 para cada usuário, além de 4% da arrecadação
com passes e vales-transporte.
Cada veículo terá ainda que pagar
taxa diária de 28 tarifas (R$ 1.220
mensais), no caso dos ônibus do
sistema bairro-a-bairro, a 43 tarifas (R$ 1.880 mensais), no caso
dos microônibus e das vans.
A prefeitura não tem números
precisos para esclarecer se essa
forma de remuneração (com
maior valor da tarifa, mas com
mais retenções) significa lucro diferente aos autônomos do que
previa a licitação. O critério se baseou na contratação emergencial
feita em abril, quando esse modelo de taxas passou a vigorar.
O edital da concorrência previa
pagamentos diferenciados aos
operadores, de acordo com os
custos das áreas de atuação. Para
o lote 1, por exemplo, ele seria de
R$ 0,5899 por usuário. Para o lote
4, R$ 0,8301. Durante a transição,
entretanto, a taxação não considera essas diferenças -ela será a
mesma para todo mundo.
Equilíbrio
A retenção dos valores, segundo
a SPTrans (empresa municipal
que cuida do transporte), representa uma quantia aproximada
de R$ 8,5 milhões por mês
-12,5% da arrecadação desses
operadores. Do montante, R$ 1,9
milhão deve ficar com a prefeitura. Os R$ 6,6 milhões restantes,
com as empresas de ônibus.
Embora a cobrança de taxa para
repassá-la às viações não constasse do edital, a SPTrans diz que a
prática não é ilegal porque visa
garantir um "equilíbrio" dos sistemas, preconizado na licitação.
A adoção de uma transição,
com regras diferentes das do edital, é justificada nos contratos sob
a alegação de que os terminais de
integração e a bilhetagem eletrônica estão em fase de implantação, impedindo que a remuneração "seja calculada e paga como
foi previsto no edital".
Sem as catracas eletrônicas, a
prefeitura não sabe com exatidão
quantos passageiros os perueiros
transportam. Os autônomos dizem que a média diária por veículo beira 180 usuários. Para a prefeitura, ela é de 250 -com uma
receita mensal de R$ 10 mil. "Não
temos controle sobre a demanda.
Saberemos a verdade quando implantarmos a bilhetagem eletrônica", afirma Adauto Farias, diretor-adjunto de gestão econômica
e financeira da SPTrans.
Texto Anterior: Cidadania: Centro Cultural São Paulo oferece sessões de psicodrama aos sábados Próximo Texto: Justificativa está em licitação, diz prefeitura Índice
|