|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BUNKER UNIVERSITÁRIO
Pesquisador opta por passar a noite na universidade para evitar riscos de assalto na madrugada
Professor prefere dormir em laboratório
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Para evitar riscos de assaltos
no campus da UFMG à noite, o
professor de engenharia eletrônica Hani Camille Yehia construiu um mezanino no laboratório onde trabalha e passa lá suas
noites quando o expediente se
estende até a madrugada.
Segundo Yehia, do laboratório
até o ponto de ônibus mais próximo são 200 metros de caminhada. Um estudante francês
que passava temporada na
UFMG já foi assaltado no trajeto.
O mezanino, com sacos de
dormir, também é usado por
alunos e professores do grupo de
pesquisa que Yehia coordena no
Centro de Estudos da Fala,
Acústica e Linguagem e Música.
Um deles é Leonardo Silva Almeida, 23, que costuma dormir
no laboratório quando a jornada
passa das 2h. Ele se preocupa
também com o entorno do campus. "Já vi estudante ser assaltado por uns 15 moleques. Não
deu para fazer nada."
Além da segurança, Yehia diz
que o mezanino é um local de
descanso para a equipe, que costuma passar horas a fio em frente a um computador criando
projetos de multimídia e de comunicação falada.
Ele diz já ter passado 40 horas
sem sair do laboratório durante
o desenvolvimento de um desses
projetos. "Ter um lugar confortável para descansar é fundamental", afirma.
Cartilha, rondas e cavalos
No Rio Grande do Sul, a universidade federal (UFRGS) distribuiu uma cartilha de ações
preventivas aos estudantes de
seus quatro campi.
A cartilha de 12 páginas ""Saiba
como se prevenir", criada em
2003, sugere atitudes preventivas aos alunos, como evitar o
uso de jóias, não se distrair, cuidar de quem está por perto e, se
beber, fazê-lo moderadamente.
O texto também lista os celulares
dos encarregados pela segurança da universidade.
Além da reitoria, o diretório
acadêmico também o distribui.
Anualmente, a UFRGS tem investido cerca de R$ 2,6 milhões
em vigilância terceirizada, o que
equivale a 13% do orçamento.
Um projeto em andamento
prevê parceria com a Academia
de Polícia Civil para treinamento
dos vigilantes. As rondas internas são feitas com carros, a pé e,
em aulas de campo no campus
do Vale, a cavalo.
Em Minas, um convênio entre
a UFMG e a Polícia Militar também prevê rondas a cavalo por
todo o campus. Em troca, a universidade cede à corporação as
áreas para a construção de postos policiais.
Na avaliação da reitora Ana
Lúcia Gazzola, não há problemas entre a comunidade acadêmica e a PM. "Os policiais sempre tiveram um comportamento
adequado dentro do campus,
conhecem bem a natureza da
instituição e fazem uma vigilância preventiva."
Convênio semelhante ocorre
entre a Universidade Federal de
Santa Catarina e a PM e a PF, que
atua no controle de apreensões
de drogas.
(MAYRA STACHUK, LÉO GERCHMANN E CLAUDIA COLLUCCI)
Texto Anterior: Campus de risco: Aluno da UFBa rejeita segurança da PM Próximo Texto: Em Alagoas, até janela é furtada Índice
|