São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2004

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BUNKER UNIVERSITÁRIO

Pesquisador opta por passar a noite na universidade para evitar riscos de assalto na madrugada

Professor prefere dormir em laboratório

DA REPORTAGEM LOCAL

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Para evitar riscos de assaltos no campus da UFMG à noite, o professor de engenharia eletrônica Hani Camille Yehia construiu um mezanino no laboratório onde trabalha e passa lá suas noites quando o expediente se estende até a madrugada.
Segundo Yehia, do laboratório até o ponto de ônibus mais próximo são 200 metros de caminhada. Um estudante francês que passava temporada na UFMG já foi assaltado no trajeto.
O mezanino, com sacos de dormir, também é usado por alunos e professores do grupo de pesquisa que Yehia coordena no Centro de Estudos da Fala, Acústica e Linguagem e Música.
Um deles é Leonardo Silva Almeida, 23, que costuma dormir no laboratório quando a jornada passa das 2h. Ele se preocupa também com o entorno do campus. "Já vi estudante ser assaltado por uns 15 moleques. Não deu para fazer nada."
Além da segurança, Yehia diz que o mezanino é um local de descanso para a equipe, que costuma passar horas a fio em frente a um computador criando projetos de multimídia e de comunicação falada.
Ele diz já ter passado 40 horas sem sair do laboratório durante o desenvolvimento de um desses projetos. "Ter um lugar confortável para descansar é fundamental", afirma.

Cartilha, rondas e cavalos
No Rio Grande do Sul, a universidade federal (UFRGS) distribuiu uma cartilha de ações preventivas aos estudantes de seus quatro campi.
A cartilha de 12 páginas ""Saiba como se prevenir", criada em 2003, sugere atitudes preventivas aos alunos, como evitar o uso de jóias, não se distrair, cuidar de quem está por perto e, se beber, fazê-lo moderadamente. O texto também lista os celulares dos encarregados pela segurança da universidade.
Além da reitoria, o diretório acadêmico também o distribui. Anualmente, a UFRGS tem investido cerca de R$ 2,6 milhões em vigilância terceirizada, o que equivale a 13% do orçamento.
Um projeto em andamento prevê parceria com a Academia de Polícia Civil para treinamento dos vigilantes. As rondas internas são feitas com carros, a pé e, em aulas de campo no campus do Vale, a cavalo.
Em Minas, um convênio entre a UFMG e a Polícia Militar também prevê rondas a cavalo por todo o campus. Em troca, a universidade cede à corporação as áreas para a construção de postos policiais.
Na avaliação da reitora Ana Lúcia Gazzola, não há problemas entre a comunidade acadêmica e a PM. "Os policiais sempre tiveram um comportamento adequado dentro do campus, conhecem bem a natureza da instituição e fazem uma vigilância preventiva."
Convênio semelhante ocorre entre a Universidade Federal de Santa Catarina e a PM e a PF, que atua no controle de apreensões de drogas. (MAYRA STACHUK, LÉO GERCHMANN E CLAUDIA COLLUCCI)

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