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Moradores de Higienópolis cobram mais policiamento
Bairro já viu tiroteio em frente a parque e ataque a base policial, supermercado e posto
Apesar de ataque a posto
de gasolina, rotina pouco mudou na região; taxista acha que as pessoas estão se acostumando com violência
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Moradores de Higienópolis
(região central), bairro conhecido por abrigar intelectuais,
artistas, famílias judias e "bem-nascidos", sentem-se o alvo preferencial dos ataques do PCC.
Desde a primeira onda de atentados, em maio, quem mora na
região já viu tiroteio em frente
ao parque Buenos Aires, base
policial ser metralhada, supermercado ser atacado e, ontem,
bombas serem jogadas em posto de gasolina.
Assustados, eles querem
mais policiamento e têm na
ponta da língua uma explicação
para a escolha do bairro. "O
PCC sabe que, se atacar um
bairro de periferia, não vai ser
notícia porque lá a violência é
comum", diz a professora universitária Cláudia Dias, 43.
"Eles escolheram um bairro rico para chamar a atenção."
Da mesma opinião é o empresário Arthur Teles, 46. "Atacando nosso bairro, eles mostram que têm força, que podem
chegar onde quiserem." Para
ele, a polícia precisa agir rápido
e colocar mais homens na rua.
"Não vi nenhuma blitz hoje
[ontem]. Atacaram o posto e ficou tudo por isso mesmo."
Homem na rua tem, afirma
Antenor Pereira, delegado-assistente do 4º distrito policial,
que cuida de parte do bairro.
"Estamos com viaturas e com
policiais à paisana 24 horas para tentar evitar novos atentados", afirma. "Mas é difícil descobrir quem são os autores porque não é gente que mora aqui."
Nascido e criado em Higienópolis, o aposentado Rubens
D'Elly, 71, tem uma sugestão
radical: "Deviam cercar o bairro e controlar quem entra e
quem sai, assim, não teríamos
problemas. Acho que só estão
atacando nossa região porque é
onde o Marcola queria morar".
O taxista Carlos Batista, 32,
trabalhando no bairro há três
anos, acha que os ataques ocorrem porque a região é nobre.
"No começo, todo mundo ficava apavorado. Agora os moradores já estão até se acostumando a conviver com a violência e isso não pode ocorrer."
Os frentistas do posto da rua
Alagoas que foi atacado às 5h20
de ontem por tiros e coquetéis
molotov contam que se assustaram, mas que não estavam
com medo de trabalhar.
As aulas na Faap, que fica em
frente ao posto, seguiram normalmente, assim como nos colégios da região. Os pais, dessa
vez, não entraram em pânico
nem foram correndo buscar os
filhos. "Quando uma nova onda
de ataque começa, a gente já sabe que vai ter atentado em algum lugar de Higienópolis", dizia Ana Barbosa, que ia buscar
as filhas na escola no horário
normal. "É só rezar e esperar."
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