São Paulo, terça-feira, 08 de agosto de 2006

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Moradores de Higienópolis cobram mais policiamento

Bairro já viu tiroteio em frente a parque e ataque a base policial, supermercado e posto

Apesar de ataque a posto de gasolina, rotina pouco mudou na região; taxista acha que as pessoas estão se acostumando com violência


DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Moradores de Higienópolis (região central), bairro conhecido por abrigar intelectuais, artistas, famílias judias e "bem-nascidos", sentem-se o alvo preferencial dos ataques do PCC. Desde a primeira onda de atentados, em maio, quem mora na região já viu tiroteio em frente ao parque Buenos Aires, base policial ser metralhada, supermercado ser atacado e, ontem, bombas serem jogadas em posto de gasolina.
Assustados, eles querem mais policiamento e têm na ponta da língua uma explicação para a escolha do bairro. "O PCC sabe que, se atacar um bairro de periferia, não vai ser notícia porque lá a violência é comum", diz a professora universitária Cláudia Dias, 43. "Eles escolheram um bairro rico para chamar a atenção."
Da mesma opinião é o empresário Arthur Teles, 46. "Atacando nosso bairro, eles mostram que têm força, que podem chegar onde quiserem." Para ele, a polícia precisa agir rápido e colocar mais homens na rua. "Não vi nenhuma blitz hoje [ontem]. Atacaram o posto e ficou tudo por isso mesmo."
Homem na rua tem, afirma Antenor Pereira, delegado-assistente do 4º distrito policial, que cuida de parte do bairro. "Estamos com viaturas e com policiais à paisana 24 horas para tentar evitar novos atentados", afirma. "Mas é difícil descobrir quem são os autores porque não é gente que mora aqui."
Nascido e criado em Higienópolis, o aposentado Rubens D'Elly, 71, tem uma sugestão radical: "Deviam cercar o bairro e controlar quem entra e quem sai, assim, não teríamos problemas. Acho que só estão atacando nossa região porque é onde o Marcola queria morar".
O taxista Carlos Batista, 32, trabalhando no bairro há três anos, acha que os ataques ocorrem porque a região é nobre. "No começo, todo mundo ficava apavorado. Agora os moradores já estão até se acostumando a conviver com a violência e isso não pode ocorrer."
Os frentistas do posto da rua Alagoas que foi atacado às 5h20 de ontem por tiros e coquetéis molotov contam que se assustaram, mas que não estavam com medo de trabalhar.
As aulas na Faap, que fica em frente ao posto, seguiram normalmente, assim como nos colégios da região. Os pais, dessa vez, não entraram em pânico nem foram correndo buscar os filhos. "Quando uma nova onda de ataque começa, a gente já sabe que vai ter atentado em algum lugar de Higienópolis", dizia Ana Barbosa, que ia buscar as filhas na escola no horário normal. "É só rezar e esperar."


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