São Paulo, sábado, 08 de agosto de 2009

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depoimento

É bom sair de um show sem levar a fumaça

CRISTINA FIBE
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez em anos de vida noturna paulistana, fui a um show e saí ilesa, sem me sentir um cinzeiro ambulante, sem precisar de um banho imediato, sem ter que pendurar as roupas na janela e esperar o cheiro passar.
Foi na noite de anteontem. A apresentação, da festejada estreante Maria Gadú, em uma casa escura e intimista, inspiraria um cenário esfumaçado. Mas, poucas horas antes de a lei antifumo entrar em vigor, nenhum cigarro se acendeu ao meu redor.
O vaivém em busca do "ar livre" causou certo desconforto -em pouco mais de uma hora de show, inúmeros fumantes se alternaram para acender seus cigarros do lado de fora, cartão de consumação em mãos, garantindo o reingresso.
A porta, ainda por cima, ficava bem em frente ao palco, o que obrigou os músicos a acompanhar a movimentação, guiados pela luz que vinha de fora.
Chamou mais a atenção o fato de que, sem o ambiente para compartilhar o mesmo odor, o fumante volta de algumas poucas tragadas parecendo saído de uma estufa cheia de cinzas.
Mas, mesmo cercada de adeptos do tabaco, continuei ali, protegida das baforadas, ponderando se ainda é cedo demais para comemorar. Ou se, quando mudarmos de assunto, voltaremos todos a fumar.


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