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Oficinas lucram com procura por pré-teste
Algumas aproveitam para empurrar serviços
DE SÃO PAULO
A inspeção veicular provocou impacto no movimento
das oficinas mecânicas.
Pesquisa do Sindirepa-SP
(sindicato da indústria de reparação de veículos) em 50
estabelecimentos verificou
que a procura por reparos e
troca de peças aumentou, dependendo da região da capital, de 21% a 36% neste ano
-quando a vistoria foi ampliada para toda a frota.
Também foram difundidos
os serviços de pré-inspeção,
que costumam cobrar entre
R$ 50 e R$ 100 para que os
carros, antes da vistoria oficial, façam um teste de emissão de gases nas oficinas.
Em tese, tudo isso pode até
ter resultados favoráveis ao
ambiente e à segurança viária. O problema, na prática, é
que às vezes serve como um
pretexto para empurrar reparos e gastos desnecessários,
confundindo os motoristas.
Os testes de emissão de gases feitos em oficinas nem
sempre batem com os da inspeção oficial da Controlar.
Esta alega que seus aparelhos são os confiáveis, "travados" contra manipulações
e testados pelo Inmetro.
Além disso, são comuns
relatos de reprovação de
quem acabou de sair da oficina. "Meu mecânico revirou.
Gastei R$ 1.000. Depois, na
Honda, mais R$ 600. Virou
um comércio bom para todo
mundo. Menos para a gente", diz Marilda Marques, dona de um Fit 2008 com 20 mil
km -reprovado três vezes.
O Sindirepa-SP diz que
54% só procuram as oficinas
após serem reprovados. A taxa da inspeção é de R$ 56,44.
DIVERGÊNCIA
A Folha usou um Siena
2007/08 aprovado há um
mês na vistoria da Controlar
para visitar na última quarta-feira duas oficinas de pré-inspeção (zonas oeste e norte),
sem dizer que era do jornal.
A análise de gases foi aprovada em ambas. Embora
uma tenha registrado HC (hidrocarboneto) de 18 ppm,
outra de 35 ppm e a Controlar
de 28 ppm, em todas ficou
longe do limite de 100 ppm.
A inspeção visual, no entanto, teve divergência. O
carro estava pronto para passar, segundo uma oficina.
Mas a outra dizia que ele seria reprovado imediatamente
devido a uma fissura na mangueira do filtro de ar -o reparo custaria R$ 190.
Técnicos da Controlar reconhecem que há subjetividade, mas dizem que dificilmente haveria reprovação
devido à fissura -só se a
mangueira estivesse rompida.
(ALENCAR IZIDORO E EDUARDO GERAQUE)
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