São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

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Oficinas lucram com procura por pré-teste

Algumas aproveitam para empurrar serviços

DE SÃO PAULO

A inspeção veicular provocou impacto no movimento das oficinas mecânicas.
Pesquisa do Sindirepa-SP (sindicato da indústria de reparação de veículos) em 50 estabelecimentos verificou que a procura por reparos e troca de peças aumentou, dependendo da região da capital, de 21% a 36% neste ano -quando a vistoria foi ampliada para toda a frota.
Também foram difundidos os serviços de pré-inspeção, que costumam cobrar entre R$ 50 e R$ 100 para que os carros, antes da vistoria oficial, façam um teste de emissão de gases nas oficinas.
Em tese, tudo isso pode até ter resultados favoráveis ao ambiente e à segurança viária. O problema, na prática, é que às vezes serve como um pretexto para empurrar reparos e gastos desnecessários, confundindo os motoristas.
Os testes de emissão de gases feitos em oficinas nem sempre batem com os da inspeção oficial da Controlar.
Esta alega que seus aparelhos são os confiáveis, "travados" contra manipulações e testados pelo Inmetro.
Além disso, são comuns relatos de reprovação de quem acabou de sair da oficina. "Meu mecânico revirou. Gastei R$ 1.000. Depois, na Honda, mais R$ 600. Virou um comércio bom para todo mundo. Menos para a gente", diz Marilda Marques, dona de um Fit 2008 com 20 mil km -reprovado três vezes.
O Sindirepa-SP diz que 54% só procuram as oficinas após serem reprovados. A taxa da inspeção é de R$ 56,44.

DIVERGÊNCIA
A Folha usou um Siena 2007/08 aprovado há um mês na vistoria da Controlar para visitar na última quarta-feira duas oficinas de pré-inspeção (zonas oeste e norte), sem dizer que era do jornal.
A análise de gases foi aprovada em ambas. Embora uma tenha registrado HC (hidrocarboneto) de 18 ppm, outra de 35 ppm e a Controlar de 28 ppm, em todas ficou longe do limite de 100 ppm.
A inspeção visual, no entanto, teve divergência. O carro estava pronto para passar, segundo uma oficina. Mas a outra dizia que ele seria reprovado imediatamente devido a uma fissura na mangueira do filtro de ar -o reparo custaria R$ 190.
Técnicos da Controlar reconhecem que há subjetividade, mas dizem que dificilmente haveria reprovação devido à fissura -só se a mangueira estivesse rompida. (ALENCAR IZIDORO E EDUARDO GERAQUE)


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