São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2001

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FERIADO

Grupo de 15 homens aproveita trânsito lento na Baixada Fluminense para roubar três carros e pertences de motoristas

Bando armado aterroriza estrada do Rio

WAGNER MATHEUS
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um grupo de 15 homens, armados com escopetas, pistolas e fuzis, levou o terror ontem de manhã a dezenas de motoristas presos no trânsito lento da rodovia Niterói-Manilha, uma das vias de acesso à região dos Lagos do Estado do Rio de Janeiro.
Os criminosos aproveitaram o congestionamento na Niterói-Manilha, devido ao feriado de 7 de Setembro, para fazer um assalto na altura do bairro de Guaxindiba, em São Gonçalo (a 25 quilômetros do centro do Rio).

Chegaram gritando
Na ação, que durou cerca de cinco minutos, foram roubados um Tempra, um Pólo e uma camionete S-10 de cabine dupla. Durante a fuga, os criminosos acabaram batendo com os dois carros de passeio e tiveram de deixar o local espremidos na S-10.
"Os homens chegaram dando tiros para cima e gritando para a gente sair do carro e deixar tudo dentro. Na hora, não me dei conta do que estava acontecendo. Depois que eles fugiram, fiquei com raiva e chorei muito", contou a proprietária do Pólo, a advogada Denise Teixeira.
Moradora da Barra da Tijuca, bairro de classe média alta do Rio, Denise disse que ia para Búzios com o marido, o advogado Ulisses Teixeira. "Resolvemos viajar de dia por questão de segurança. É inacreditável, acabamos sendo assaltados às 11h30 da manhã."

Humilhação
A dona-de-casa Heloísa Carvalho Diniz, 48, disse que se sentiu "humilhada e pequena" ao ser obrigada a entregar seu Tempra aos assaltantes. Ela mora no Méier (zona norte do Rio) e viajava com o marido e os três filhos para descansar em Rio das Ostras (a 170 km da capital fluminense).
"Eram todos muito jovens, entre 18 e 20 anos. Foi humilhante. Eles gritavam muito. Levaram tudo que a gente tinha no carro: computador, videogames, roupas, sapatos e os R$ 70 que meu filho ganhou de presente de aniversário", lamentou a dona-de-casa.
O filho de Heloísa, Jorge Luís Diniz Júnior, 14, contou ter ficado apavorado quando os assaltantes gritaram que iam matar a família se todos não saíssem rápido do carro. "Fiquei com muito medo. Eles tinham muitas armas e não paravam de gritar", contou o adolescente.
O proprietário da S-10, o comerciante Rogério Ferraz, 36, disse que imaginou, a princípio, que o grupo queria apenas objetos pessoais de valor.
"Moro em São João de Meriti (Baixada Fluminense) e estava indo para Rio Bonito [a 74 km do Rio". Foi tudo muito rápido. Pensei que eles queriam apenas o meu relógio e dinheiro", contou.

Suspeita
O crime foi registrado na 7ª Delegacia Policial (São Gonçalo). Os investigadores disseram acreditar que os assaltantes são da favela de Jardim Catarina, a menos de dois quilômetros do local do assalto.
A Polícia Militar realizou após a ação do bando uma incursão na favela, mas não conseguiu prender nenhum integrante do grupo.


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