São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2001

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Caminhão cai em túnel que ia até presídio

GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um caminhão de lixo caiu ontem, por volta das 12h, em um túnel supostamente cavado de fora em direção aos muros da Penitenciária do Estado, no Complexo do Carandiru, na zona norte de São Paulo.
O asfalto cedeu com o peso do veículo, que manobrava, e o buraco (de cerca de três metros de profundidade e dois de diâmetro) foi descoberto.
Até a conclusão desta edição, a Polícia Militar ainda não sabia informar se havia pessoas soterradas sob o asfalto e a areia, que desabaram sob o peso do caminhão de lixo.
Por volta das 17h50, um representante da direção da penitenciária informou que nenhum dos 1.965 detentos recolhidos no local tinha fugido.
Todos estavam presentes na contagem que é feita diariamente. Com isso, foi excluída a possibilidade de haver detentos sob os escombros.
De acordo com o funcionário da penitenciária, em razão do feriado havia "ameaças" de fuga, mas até ontem nada havia sido concretizado.
No dia 13 de julho, 106 presos fugiram do pavilhão 8 através das galerias, na maior fuga da história da Casa de Detenção.
O capitão Samuel Pizano de Oliveira informou que há a possibilidade de o túnel estar sendo cavado por pessoas de fora da penitenciária (que estariam trabalhando para ajudar na fuga dos detentos). Só será possível descobrir isso se a polícia encontrar algum corpo sob os escombros.
O problema é que a polícia aguardou ontem, sem sucesso, durante seis horas pelo equipamento de escavação de buracos (retroescavadeira).
O capitão pediu ajuda aos bombeiros, à Administração Regional de Santana, à Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) e a uma empresa privada que, segundo o policial, "ajuda nessas horas". Não funcionou.
"Está difícil por causa do feriado", disse o capitão, que recomeçará as buscas hoje às 8h.
O oficial disse que há marcas ainda frescas de mãos nas paredes do túnel, indicando a presença recente de pessoas escavando no local.
A polícia encontrou ainda duas caixas de leite com data de produção do dia 17 de agosto, três garrafas de água mineral e dois pedaços de madeirite com aparência de pouco uso.
O capitão reconhece que, caso haja alguém dentro do túnel, a demora para conseguir o equipamento reduz as chances de sobrevivência.
Segundo o capitão, o túnel ligaria a galeria de água pluvial da avenida Ataliba Leonel à galeria de esgoto da penitenciária.



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