|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SALVADOR
Celeste diz que houve coação policial; delegado nega
Ex-bancária é absolvida por morte de 2 filhos, após ficar 6 anos presa
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Desembargadores das duas Câmaras Criminais do Tribunal de
Justiça da Bahia absolveram anteontem à noite a ex-bancária Celeste Maria Vargas de Mello, 48,
acusada de matar por estrangulamento seus filhos Oayssa e Maurício Mello, em Salvador, em 1984.
Presa em São Paulo em 93, ela
foi condenada pela Justiça baiana
duas vezes, a 36 e a 24 anos de prisão. Seus advogados recorreram e
a pena foi reduzida para 18 anos.
Celeste cumpriu seis anos.
Na época do crime (março de
84), ela confessou os assassinatos
em depoimento à polícia. Depois,
fugiu para o Rio e São Paulo, onde
constituiu outra família.
Ao ser presa, Celeste disse que
confessou sob coação policial. Em
95, Adilson do Espírito Santo, que
estava preso em Salvador, confessou ser o autor dos homicídios.
O julgamento feito pelos desembargadores baianos ocorreu
dois anos após o advogado da ex-bancária ter enviado à Justiça um
pedido de anulação da pena.
A decisão foi baseada no depoimento de Espírito Santo e nas declarações de Celeste antes de assumir a culpa pelos homicídios. Ela
havia dito que o assassino tinha
uma deformação física na mão direita, característica que se assemelha à mão de Espírito Santo.
Um dia após os crimes, Celeste
disse que três homens invadiram
sua casa para roubar um carro.
Um dos homens teria estrangulado as crianças, que tinham 8
(Oayssa) e 9 anos (Maurício).
Um mês depois -a PM não havia identificado os criminosos-,
a ex-bancária confessou ter matado os filhos. "Fui coagida pelo delegado Valdir Barbosa para confessar os crimes. Na época, ele me
disse que, após a minha confissão,
os verdadeiros criminosos apareceriam e seriam presos."
Celeste disse estar aliviada com
a absolvição. "Agora, minha vida
vai mudar. A justiça foi feita."
O advogado José Carlos Portela
Santana disse que os desembargadores determinaram que Celeste
tem direito a indenização. "Ainda
não tenho a menor idéia do valor
da indenização por danos e direitos morais. O Estado condenou
injustamente minha cliente. Agora vamos exigir nossos direitos."
O delegado Barbosa negou que
tenha havido coação policial. Segundo ele, a investigação demonstrou que Celeste matou os
filhos por estrangulamento.
Texto Anterior: Caminhão cai em túnel que ia até presídio Próximo Texto: Morte de tenista: Pai de menino assassinado no RS quer ser indenizado pelo Estado Índice
|