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Particular concentra os mais ricos
DA SUCURSAL DO RIO
A universidade pública -sempre acusada de receber os estudantes mais ricos, enquanto os
pobres ficam nas particulares-
tem um perfil de aluno menos elitista do que o da rede privada. É o
que mostram dados da Pnad
(Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios) de 2001 do IBGE
tabulados por Simon Schwartzman, ex-presidente do instituto.
É a primeira vez que uma pesquisa do IBGE permite comparar
o perfil de estudantes da rede pública com o de alunos da rede privada. Os dados mostram que na
rede pública de ensino superior a
renda média mensal familiar dos
estudantes é de R$ 2.433, contra
R$ 3.236 da rede particular.
Outras pesquisas já haviam sinalizado que o senso comum de
que os pobres vão para as particulares, enquanto os ricos estão nas
públicas, poderia estar errado. A
análise dos questionários socioeconômicos do provão de 2001 já
mostrava que o perfil dos formandos da rede pública era menos elitista do que o da rede privada.
Os dados da Pnad, no entanto,
são mais definitivos porque representam todo o universo de estudantes -e não apenas os formandos- de todos os cursos
universitários -não apenas os
avaliados pelo provão.
O estudo de Schwartzman mostra que, na rede privada, metade
(50%) dos estudantes têm uma
renda mensal que os coloca entre
os 10% mais ricos da população
brasileira. Na rede pública, essa
porcentagem é de 34,4%.
Tanto na rede pública quanto
na rede privada, no entanto, o
perfil do estudante pode ser considerado elitista, já que os 50%
mais pobres representam apenas
5,5% do total de alunos nas particulares e 11,7% na rede pública.
Como os dados, por serem inéditos, não têm comparação com
anos anteriores, Schwartzman levanta duas hipóteses para explicar esses resultados. A primeira é
que os alunos de maior renda começam a fugir das instituições
mantidas pelo poder público com
medo de greves, falta de professores ou instalações degradadas.
"A elite pode estar fugindo do
setor público para o privado num
movimento semelhante ao que
ocorreu no ensino médio, quando
o setor público começou a perder
qualidade e os alunos de classe
mais alta foram para o segmento
privado", disse Schwartzman ao
apresentar o estudo no 2º Encontro Nacional dos Dirigentes de
Graduação das Instituições de
Ensino Superior Particulares.
A outra hipótese é de que essas
instituições públicas possam estar
num processo de democratização. Se essa segunda hipótese for
verdadeira, Schwartzman diz que
ela precisa ser acompanhada com
critério, para que não haja o risco
de queda da qualidade de ensino.
(AG)
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