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São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2003

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Particular concentra os mais ricos

DA SUCURSAL DO RIO

A universidade pública -sempre acusada de receber os estudantes mais ricos, enquanto os pobres ficam nas particulares- tem um perfil de aluno menos elitista do que o da rede privada. É o que mostram dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2001 do IBGE tabulados por Simon Schwartzman, ex-presidente do instituto.
É a primeira vez que uma pesquisa do IBGE permite comparar o perfil de estudantes da rede pública com o de alunos da rede privada. Os dados mostram que na rede pública de ensino superior a renda média mensal familiar dos estudantes é de R$ 2.433, contra R$ 3.236 da rede particular.
Outras pesquisas já haviam sinalizado que o senso comum de que os pobres vão para as particulares, enquanto os ricos estão nas públicas, poderia estar errado. A análise dos questionários socioeconômicos do provão de 2001 já mostrava que o perfil dos formandos da rede pública era menos elitista do que o da rede privada.
Os dados da Pnad, no entanto, são mais definitivos porque representam todo o universo de estudantes -e não apenas os formandos- de todos os cursos universitários -não apenas os avaliados pelo provão.
O estudo de Schwartzman mostra que, na rede privada, metade (50%) dos estudantes têm uma renda mensal que os coloca entre os 10% mais ricos da população brasileira. Na rede pública, essa porcentagem é de 34,4%.
Tanto na rede pública quanto na rede privada, no entanto, o perfil do estudante pode ser considerado elitista, já que os 50% mais pobres representam apenas 5,5% do total de alunos nas particulares e 11,7% na rede pública.
Como os dados, por serem inéditos, não têm comparação com anos anteriores, Schwartzman levanta duas hipóteses para explicar esses resultados. A primeira é que os alunos de maior renda começam a fugir das instituições mantidas pelo poder público com medo de greves, falta de professores ou instalações degradadas.
"A elite pode estar fugindo do setor público para o privado num movimento semelhante ao que ocorreu no ensino médio, quando o setor público começou a perder qualidade e os alunos de classe mais alta foram para o segmento privado", disse Schwartzman ao apresentar o estudo no 2º Encontro Nacional dos Dirigentes de Graduação das Instituições de Ensino Superior Particulares.
A outra hipótese é de que essas instituições públicas possam estar num processo de democratização. Se essa segunda hipótese for verdadeira, Schwartzman diz que ela precisa ser acompanhada com critério, para que não haja o risco de queda da qualidade de ensino. (AG)


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