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São Paulo "congela" 200 Ibirapueras na Cantareira
Área de 29 mil hectares não poderá ter extração ou exploração da mata atlântica
Região abriga mananciais
que abastecem a região
metropolitana de São Paulo;
destino final da área será
definido em sete meses
Danilo Verpa/Folha Imagem
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Serra de Itaberaba, que pode ter unidade de proteção integral
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
TAI NALON
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O governo de São Paulo decretou o "congelamento" de
uma área de 29 mil hectares na
serra da Cantareira (região metropolitana de SP), que faz parte do cinturão verde do Estado.
Isso significa que o trecho
equivalente a 200 parques Ibirapuera não poderá receber atividades que possam representar impacto ambiental, como
extração ou exploração da mata
nativa e implantação de áreas
de reflorestamento -como a
plantação de eucaliptos. Obras
públicas já licenciadas, no entanto, estão liberadas.
O decreto, publicado no
"Diário Oficial" de sábado, fixa
prazo de sete meses para o congelamento, período em que serão realizados estudos para definir o que será feito no local.
A proposta, segundo o decreto da gestão José Serra (PSDB),
é criar unidades de proteção integral (limitadas a estudos
científicos) principalmente nas
serras de Itaberaba e Itapetinga, no norte da Cantareira.
A região -que abriga o pouco
que restou de mata atlântica
nativa- tem importância estratégica para a região metropolitana, dizem ambientalistas.
Além de servir de "refrigerador" da metrópole e auxiliar a
neutralizar poluentes, a Cantareira abriga mananciais de rios
que abastecem as cidades do
entorno e é habitat de animais
em risco de extinção, como o
sagui-de-tufo-preto e o pássaro
penélope obscura.
O trecho de mata a ser protegido abrange os municípios de
Arujá, Guarulhos, Mairiporã,
Nazaré Paulista, Santa Isabel,
Atibaia e Bom Jesus dos Perdões. Essas prefeituras foram
procuradas para comentar a
medida, mas não houve expediente durante o feriado.
O decreto foi baseado em
pesquisas do Programa Biota-Fapesp (Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São
Paulo) -iniciado em 1999 e que
tem por meta fazer um inventário da biodiversidade no Estado de São Paulo.
Efeitos
O congelamento da área pode ter efeito inverso e estimular
invasões, afirma Mário Cezar
Lopes do Nascimento, representante do Comitê da Bacia
Hidrográfica do Alto Tietê.
"Essas medidas de choque,
sem debate, preocupam. Se
congelar, desvaloriza os terrenos. Pode acontecer como nas
represas Billings e Guarapiranga. E hoje já existem 79 loteamentos clandestinos somente
em Mairiporã", diz.
O presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção
Ambiental), Carlos Bocuhy, diz
que essa preocupação é uma
"falácia". "Qualquer medida
precisa de envolvimento da comunidade, mas não dá para
atribuir isso [eventual fracasso
da medida] a uma falta de força
da fiscalização do Estado."
Para ele, o congelamento da
área é vital para as cidades do
entorno. "Trata-se de uma espécie de moratória para evitar a
degradação", diz.
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