São Paulo, terça-feira, 08 de setembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mora dores tentam barra Alphaville na Granja Viana

Construção de condomínio na Grande SP já desmatou área de 200 mil m2

Dona do empreendimento diz ter obtido licença do Estado para retirar mata atlântica; ONG ambiental vai à Justiça para embargar obra


CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O início da construção de um empreendimento Alphaville na Granja Viana, na divisa entre Cotia e Carapicuíba, municípios da Grande São Paulo, vem causando protestos dos moradores da região e deve acabar na Justiça por causa do desmate de uma área de 200 mil m2 para a demarcação de lotes.
O novo condomínio fica na avenida São Camilo, uma via estreita, de mão dupla, que começa na rodovia Raposo Tavares, na altura do km 26.
Cravado em meio à mata atlântica, o empreendimento possui área de 675 mil m2 e abrigará 304 lotes residenciais e 29 comerciais. Cada terreno, de 590 m2, foi vendido por aproximadamente R$ 200 mil.
O fato de o local já registrar constantes engarrafamentos é uma das preocupações dos moradores, que terão de conviver com mais carros -cerca de 1.500 novos veículos a longo prazo, de acordo com técnicos ouvidos pela Folha.
O início da preparação dos lotes chamou a atenção dos moradores. Nas últimas semanas, quem passou pela altura do número 2.100 da avenida se deparou com uma pilha de árvores cortadas.
Apesar de a dona do empreendimento, a Alphaville Urbanismo, ter obtido com o Estado a licença para a retirada da vegetação, a ONG Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental pretende ingressar nesta semana com uma ação para embargar a obra e pedir a responsabilização das autoridades que permitiram o seu início.
Os cortes das árvores ocorreram em 30% de toda a área do novo condomínio. O desmate abrangeu um espaço equivalente a 19 campos de futebol.
Presidente da ONG, Carlos Bocuhy diz que o empreendimento ameaça quatro espécies em extinção: as aves papagaio-verdadeiro, maracanã-pequena e jacu-guaçu e o sagui-de-tufo-preto. "O caso tipifica a ineficiência do poder público na concessão das licenças", diz.
Ele afirma que, antes das obras, seria preciso fazer um estudo de impacto ambiental mais aprofundado. "No meu entendimento, há indícios de favorecimento ao empreendedor", diz o presidente da ONG.
José Roberto Baraúna, que preside o Movimento Granja Viva, ONG de moradores da região, afirma que a infraestrutura local não comporta um condomínio do porte do Alphaville. "Não somos contra o desenvolvimento, mas era preciso consultar a população antes."
A empresa diz que fará compensações ambientais e que a chegada dos moradores será gradativa. Ela prevê uma ocupação de 80% do condomínio em 20 ou 30 anos.
"É preciso tomar providências agora para que não façam com a Raposo Tavares o que fizeram com a Castello Branco", diz o engenheiro Luiz Célio Bottura, técnico em trânsito, referindo-se à Alphaville da região de Barueri.


Texto Anterior: Kaká participa de evento de reconstrução da Renascer
Próximo Texto: Outro lado: Empresa promete compensações ambientais
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.