UOL


São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SEGURANÇA

25% dos policiais foram remanejados para serviços que eram feitos por empresa que, sem receber pagamento, parou trabalho

Crise faz PF pôr agente em área burocrática

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal de São Paulo remanejou ontem cerca de 25% de seus 1.200 policiais para serviços burocráticos que eram realizados por uma empresa terceirizada. Devido ao atraso de três meses no pagamento de seus serviços -cerca de R$ 1,2 milhão-, a empresa Datasist Informática Ltda. suspendeu o trabalho.
Em Brasília, os serviços de informática da sede da PF têm data certa para parar de funcionar. Ontem, a empresa que gere os sistemas da PF, a Best (Brasília Empresa de Serviços Técnicos), colocou em aviso prévio de 30 dias 279 funcionários que trabalhavam no prédio. Há quatro faturas vencidas, totalizando R$ 4,2 milhões.
Ao todo, a PF, principal órgão no combate ao narcotráfico e nas investigações relacionadas a fraudes na Receita Federal e no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), deve R$ 29,88 milhões.
A superintendência da PF não quis comentar a situação. As últimas contas -pagas em junho, quitando pendências de maio- liquidaram todo o orçamento previsto para este ano, de R$ 135 milhões. Desde abril, a PF negocia um crédito suplementar de R$ 115 milhões. O socorro tem que ser autorizado pelo Ministério do Planejamento até 15 de outubro.
A Superintendência Regional da PF no Rio Grande Norte recebeu uma notificação extrajudicial para pagar três meses de aluguel atrasado, uma dívida de R$ 40,6 mil. No Maranhão, a venda de passagens aéreas também foi suspensa por falta de pagamento.
Em Brasília, o laboratório do Instituto de Criminalística da PF deve formalizar, nos próximos dias, a suspensão dos laudos de DNA. Até o momento, as análises eram feitas mediante um convênio com a Polícia Civil do DF. Também por escassez de recursos, a parceria não está sendo mais utilizada. No mesmo laboratório, havia, no início da semana, uma fila de 160 amostras de substâncias apreendidas aguardando análise. Mas só há um aparelho para processar o material. Seriam necessários outros quatro.
Em São Paulo, a PF afirma que, apesar da suspensão dos serviços terceirizados, o atendimento ao público está sendo feito. Porém funcionários e usuários que não quiseram se identificar disseram que apenas o setor de emissão de passaportes funcionou ontem.
"A polícia de inteligência, que está no discurso do governo, só existe com a perícia, que precisa de equipamento e pessoal. Senão, vamos continuar com a polícia de papel que existe hoje", disse Roosevelt Alves Júnior, presidente da APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais).
A assessoria da PF informou ontem que não sabe quando a situação será normalizada.


Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Crime organizado: Operação da PF prende 14 no Rio e no MA
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.