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SEGURANÇA
25% dos policiais foram remanejados para serviços que eram feitos por empresa que, sem receber pagamento, parou trabalho
Crise faz PF pôr agente em área burocrática
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Polícia Federal de São Paulo
remanejou ontem cerca de 25%
de seus 1.200 policiais para serviços burocráticos que eram realizados por uma empresa terceirizada. Devido ao atraso de três meses no pagamento de seus serviços -cerca de R$ 1,2 milhão-, a
empresa Datasist Informática
Ltda. suspendeu o trabalho.
Em Brasília, os serviços de informática da sede da PF têm data
certa para parar de funcionar. Ontem, a empresa que gere os sistemas da PF, a Best (Brasília Empresa de Serviços Técnicos), colocou
em aviso prévio de 30 dias 279
funcionários que trabalhavam no
prédio. Há quatro faturas vencidas, totalizando R$ 4,2 milhões.
Ao todo, a PF, principal órgão
no combate ao narcotráfico e nas
investigações relacionadas a fraudes na Receita Federal e no INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social), deve R$ 29,88 milhões.
A superintendência da PF não
quis comentar a situação. As últimas contas -pagas em junho,
quitando pendências de maio-
liquidaram todo o orçamento
previsto para este ano, de R$ 135
milhões. Desde abril, a PF negocia
um crédito suplementar de R$ 115
milhões. O socorro tem que ser
autorizado pelo Ministério do
Planejamento até 15 de outubro.
A Superintendência Regional
da PF no Rio Grande Norte recebeu uma notificação extrajudicial
para pagar três meses de aluguel
atrasado, uma dívida de R$ 40,6
mil. No Maranhão, a venda de
passagens aéreas também foi suspensa por falta de pagamento.
Em Brasília, o laboratório do
Instituto de Criminalística da PF
deve formalizar, nos próximos
dias, a suspensão dos laudos de
DNA. Até o momento, as análises
eram feitas mediante um convênio com a Polícia Civil do DF.
Também por escassez de recursos, a parceria não está sendo
mais utilizada. No mesmo laboratório, havia, no início da semana,
uma fila de 160 amostras de substâncias apreendidas aguardando
análise. Mas só há um aparelho
para processar o material. Seriam
necessários outros quatro.
Em São Paulo, a PF afirma que,
apesar da suspensão dos serviços
terceirizados, o atendimento ao
público está sendo feito. Porém
funcionários e usuários que não
quiseram se identificar disseram
que apenas o setor de emissão de
passaportes funcionou ontem.
"A polícia de inteligência, que
está no discurso do governo, só
existe com a perícia, que precisa
de equipamento e pessoal. Senão,
vamos continuar com a polícia de
papel que existe hoje", disse Roosevelt Alves Júnior, presidente da
APCF (Associação Nacional dos
Peritos Criminais Federais).
A assessoria da PF informou
ontem que não sabe quando a situação será normalizada.
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