São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2008 |
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GILBERTO DIMENSTEIN Quem canta seus males espanta
FORMADA EM ENFERMAGEM , Eliseth Ribeiro Leão fez uma pós-graduação na USP para estudar os efeitos terapêuticos da música, especialmente para aliviar a dor dos pacientes. Estava começando aí sua experiência artística, cujo palco é um corredor de hospital. "É o local perfeito. Consigo fazer com que, pelo menos naquele momento, os pacientes se esqueçam da dor." A vida acadêmica de Eliseth começou num curso de letras e, depois, entrou em enfermagem e se especializou em neurologia. Daí veio seu interesse em conhecer como o cérebro transforma a música em medicamento contra a dor. Da USP, ela rumou para a França a fim de aperfeiçoar seus conhecimentos. Mas a carreira artística só viria porque entrou no departamento de pesquisa do hospital Samaritano, onde encontrou sua platéia. Surgiria, assim, o Vozes de Menestréis, formado em sua maioria por enfermeiras voluntárias. Os resultados que mais a impressionavam eram encontrados nas experiências com pacientes vítimas de dores crônicas; na França, Eliseth acompanhou idosos. Aprendeu, por exemplo, como as notas musicais ativam analgésicos naturais (as endorfinas) no cérebro. A aceitação foi tanta que tiveram de expandir os espaços das apresentações e não mais apenas para pacientes. Foram cantar também para os funcionários do hospital. Dessa cantoria ainda não saiu uma pesquisa, mas já saíram um CD e um DVD. "Muitos pacientes queriam ouvir de novo as canções." Mas queriam ouvir, de preferência, fora do hospital. No caso de Eliseth, abre-se mais uma possibilidade: aos 45 anos, decidiu estudar piano. Como está se mudando para um apartamento com uma vista ampla de São Paulo, imaginou que a cidade será uma paisagem mais interessante ao som do piano. "O ditado sobre como cantar espanta os males já adiantava as descobertas da neurociência." gdimen@uol.com.br
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