São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2008

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Não se faz nada em 10 minutos, diz educador

Joaquim Campos, do Conselho Estadual da Educação, diz que opção seria professor dar três aulas seguidas e unir intervalos

Presidente de entidade de diretores diz que medida "não tem cabimento" e que no intervalo professores não têm como pensar em atividades

DA REPORTAGEM LOCAL

Educadores consultados pela reportagem criticaram a decisão do governo Serra (PSDB) de contabilizar o tempo dos intervalos e destiná-lo para ações como correção de trabalho ou planejamento escolar.
O sindicato dos professores ameaçou até fazer greve para exigir um recuo da secretária da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro.
"O professor não consegue fazer nada em dez minutos", afirmou o membro do Conselho Estadual da Educação de São Paulo, Joaquim Pedro Villaça de Souza Campos.
Para ele, uma alternativa é fazer os professores darem três aulas seguidas e unir os intervalos, o que significaria um período de 30 minutos.
"Aí seria possível fazer algo. Mas a principal mudança deveria ser fixar o professor em uma única escola. Hoje, ele fica mais tempo se deslocando para várias escolas do que estudando."
Presidente do Consed (conselho de secretários estaduais de Educação), Dorinha Seabra Rezende declarou que "o ideal é que os períodos fora das aulas estejam agrupados. Mas mudanças assim dependem de entendimentos com sindicatos."
O presidente da Udemo (entidade que reúne os diretores das escolas estaduais), Luiz Gonzaga, disse que a posição do governo "não tem cabimento".
Nos dez minutos, afirma, "os professores estão preocupados com as trocas de aulas, como vão fazer alguma atividade?"
Gonzaga afirmou ainda que "obviamente o governo iria buscar algum procedimento para não precisar aumentar os recursos para a Educação".

Greve
A presidente da Apeoesp (sindicato dos professores estaduais), Maria Izabel Noronha, disse que "a interpretação só convence a própria secretaria".
"Se ela [a secretária] não recuar, vamos fazer greve. São Paulo não pode atropelar uma lei federal", afirmou Noronha.
Neste ano, a categoria parou por 21 dias, reivindicando aumento de 35% e a revogação do decreto que prevê prova anual para a atribuição de locais de aulas e a renovação de contratos dos temporários. (FT)



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