São Paulo, quarta-feira, 08 de outubro de 2008

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PM mata PM com tiro em bar do Itaim

Soldado diz que disparo que matou sargento foi acidental; eles trabalhavam juntos no 23º Batalhão da Polícia Militar

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um sargento da Polícia Militar foi baleado e morto pelas costas por um soldado, armado com uma metralhadora, dentro do banheiro de um bar, a cem metros do quartel onde os dois trabalhavam e na mesma rua de uma delegacia da Polícia Civil, no Itaim Bibi, bairro nobre da zona oeste de São Paulo.
O soldado, que estava trabalhando, tinha ido ao bar Café Esquina de Prata na noite de anteontem com um sargento para buscar marmitas. Ele disse que o disparo que atingiu Renato Cavallini Fracalossi, 40, foi acidental, segundo a PM.
O sargento Fracalossi jantava no bar, às 21h30, com mais outros dois PMs -um cabo e um outro soldado-, todos à paisana e de folga.
Os cinco PMs trabalham juntos no 23º Batalhão da Polícia Militar. Funcionários e clientes do bar disseram à Folha que o tiro foi acidental.
De acordo com o Comando da PM, o sargento que entrou no bar para pegar comida com o soldado estava com uma submetralhadora Beretta 9 mm presa por uma alça no ombro.
Ainda segundo a PM, o soldado pediu para carregar a metralhadora do sargento, para que ele levasse as marmitas até a viatura. Depois, o soldado foi se despedir do sargento Fracalossi, que estava no banheiro. Ao se aproximar da porta, houve o disparo. A vítima foi para o Hospital das Clínicas, onde morreu às 3h30 de ontem.
O soldado e o sargento que estava com ele no bar foram presos em flagrante pela Polícia Judiciária Militar, sob a acusação de homicídio culposo (quando não há intenção de matar). Seus nomes não foram divulgados pela PM, que descarta a possibilidade de o tiro ter sido intencional.
O soldado foi acusado como único autor do disparo e por imperícia, porque não pode manusear metralhadora -a graduação mais baixa para usá-la é a de sargento. O sargento que estava com ele foi acusado da co-autoria do crime por ter cedido a arma. Os dois seriam levados ao presídio Romão Gomes, da PM.
A morte do sargento Fracalossi gerou discussão entre a PM e a Polícia Civil. O tenente-coronel Ricardo Andriolli, comandante do 23º BPM, não registrou o caso no 15º Distrito Policial porque alegou que se tratava de um crime militar.
Segundo a PM, o oficial de plantão do 23º BPM, com a anuência de Andriolli, registrou a morte do sargento Fracalossi no Tribunal de Justiça Militar. Para delegados e investigadores do 15º DP, o caso teria de ser registrado como crime comum porque o PM morto estava de folga e sem farda.
Policiais do DP informaram a seus superiores que souberam da morte somente às 5h de ontem, quando foram avisados por outras pessoas. A PM, entretanto, nega, dizendo que comunicou o crime à Polícia Civil, mas que ela mesma iria registrá-lo por se tratar de um militar que matou outro.
Sem um boletim de ocorrência, a Polícia Civil não pôde acionar as perícias da Polícia Técnico-Científica do IC (Instituto de Criminalística) e do IML (Instituto Médico Legal).
A Corregedoria do Tribunal de Justiça Militar pediu a presença dos peritos, que levaram o corpo do sargento para o IML. Fontes do instituto informaram que Fracalossi levou três tiros nas costas, e não um. O Ministério Público Estadual vai apurar o caso.


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