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PM mata PM com tiro em bar do Itaim
Soldado diz que disparo que matou sargento foi acidental; eles trabalhavam juntos no 23º Batalhão da Polícia Militar
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Um sargento da Polícia Militar foi baleado e morto pelas
costas por um soldado, armado
com uma metralhadora, dentro
do banheiro de um bar, a cem
metros do quartel onde os dois
trabalhavam e na mesma rua de
uma delegacia da Polícia Civil,
no Itaim Bibi, bairro nobre da
zona oeste de São Paulo.
O soldado, que estava trabalhando, tinha ido ao bar Café
Esquina de Prata na noite de
anteontem com um sargento
para buscar marmitas. Ele disse que o disparo que atingiu Renato Cavallini Fracalossi, 40,
foi acidental, segundo a PM.
O sargento Fracalossi jantava no bar, às 21h30, com mais
outros dois PMs -um cabo e
um outro soldado-, todos à
paisana e de folga.
Os cinco PMs trabalham juntos no 23º Batalhão da Polícia
Militar. Funcionários e clientes
do bar disseram à Folha que o
tiro foi acidental.
De acordo com o Comando
da PM, o sargento que entrou
no bar para pegar comida com
o soldado estava com uma submetralhadora Beretta 9 mm
presa por uma alça no ombro.
Ainda segundo a PM, o soldado pediu para carregar a metralhadora do sargento, para que
ele levasse as marmitas até a
viatura. Depois, o soldado foi se
despedir do sargento Fracalossi, que estava no banheiro. Ao
se aproximar da porta, houve o
disparo. A vítima foi para o
Hospital das Clínicas, onde
morreu às 3h30 de ontem.
O soldado e o sargento que
estava com ele no bar foram
presos em flagrante pela Polícia Judiciária Militar, sob a
acusação de homicídio culposo
(quando não há intenção de
matar). Seus nomes não foram
divulgados pela PM, que descarta a possibilidade de o tiro
ter sido intencional.
O soldado foi acusado como
único autor do disparo e por
imperícia, porque não pode
manusear metralhadora -a
graduação mais baixa para usá-la é a de sargento. O sargento
que estava com ele foi acusado
da co-autoria do crime por ter
cedido a arma. Os dois seriam
levados ao presídio Romão Gomes, da PM.
A morte do sargento Fracalossi gerou discussão entre a
PM e a Polícia Civil. O tenente-coronel Ricardo Andriolli, comandante do 23º BPM, não registrou o caso no 15º Distrito
Policial porque alegou que se
tratava de um crime militar.
Segundo a PM, o oficial de
plantão do 23º BPM, com a
anuência de Andriolli, registrou a morte do sargento Fracalossi no Tribunal de Justiça
Militar. Para delegados e investigadores do 15º DP, o caso teria de ser registrado como crime comum porque o PM morto estava de folga e sem farda.
Policiais do DP informaram
a seus superiores que souberam da morte somente às 5h de
ontem, quando foram avisados
por outras pessoas. A PM, entretanto, nega, dizendo que comunicou o crime à Polícia Civil, mas que ela mesma iria registrá-lo por se tratar de um
militar que matou outro.
Sem um boletim de ocorrência, a Polícia Civil não pôde
acionar as perícias da Polícia
Técnico-Científica do IC (Instituto de Criminalística) e do
IML (Instituto Médico Legal).
A Corregedoria do Tribunal
de Justiça Militar pediu a presença dos peritos, que levaram
o corpo do sargento para o
IML. Fontes do instituto informaram que Fracalossi levou
três tiros nas costas, e não um.
O Ministério Público Estadual
vai apurar o caso.
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