São Paulo, quinta-feira, 08 de outubro de 2009 |
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Trem enguiça, e usuários fazem quebradeira
Sem devolução do valor da passagem em dinheiro, 300 pessoas atearam fogo a uma composição na Baixada Fluminense
JOÃO PAULO GONDIM COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO A revolta com o enguiço de uma composição e com a negativa da concessionária Supervia em restituir o valor da tarifa (R$ 2,50) gerou quebra-quebra e o ateamento de fogo a um trem ontem de manhã na Baixada Fluminense. Segundo a polícia, cerca de 300 pessoas participaram do protesto popular -11 ficaram feridas e ninguém foi preso. A pane ocorreu às 7h40, quando viajavam cerca de 30 mil usuários no ramal, por onde passam, ao dia, 120 mil pessoas. Sem explicar a pane aos passageiros, o maquinista da composição enguiçada abandonou o veículo. Vinte minutos mais tarde, a Supervia interditou o ramal. A circulação só foi normalizada por volta das 13h40. "A gente sofre diariamente com esses trens, quase sempre atrasados. Os vagões vêm superlotados, mal dá para respirar lá dentro", disse a garçonete Nalúcia Campos, 26. Ela pegou, às 6h20, o trem pivô do tumulto, na parada de Engenheiro Pedreira (ramal de Japeri). O trem que levava a garçonete até a Central do Brasil, no centro do Rio, parou a cem metros da estação de Nilópolis, a nove estações de seu destino. Muitos passageiros relataram ter ficado por minutos trancados dentro das composições. A paralisação irritou quem esperava pelos trens. Na estação de Mesquita, passageiros colocaram fogo na ligação entre dois vagões. Nas paradas de Engenho de Dentro e Deodoro, grades foram arrancadas. Houve quebra de roletas e caixas eletrônicos. Em Nilópolis, placas de sinalização e a bilheteria foram depredadas por pessoas que queriam reembolso -a Supervia oferecia vales. O cofre foi jogado na linha do trem. "Quero meu dinheiro de volta, senão fico sem nada", queixou-se o vendedor Ricardo Macedo, 27. A tropa de choque da PM foi acionada. Segundo passageiros, os policiais atiraram bombas de efeito moral e balas de borracha. A PM nega e diz ter usado apenas os "meios necessários" para conter o tumulto. Ao menos 11 pessoas foram encaminhadas ao hospital municipal Juscelino Kubitschek, a maioria por conta de pressão alta, inalação da fumaça do fogo e nervosismo. Duas pessoas quebraram o punho. Um policial levou uma pedrada, mas foi liberado após exame. Um homem que não quis ser identificado mostrou marcas na sua barriga, atribuindo-as a balas de borracha atiradas pelos policiais. Para compensar "a quem ficou impossibilitado de ir ao trabalho" ontem, a concessionária informou que hoje, até as 10h, a passagem será gratuita nas 16 estações do ramal de Japeri. A Prefeitura de Nilópolis disponibilizou dois ônibus para transportar os passageiros até a estação de Deodoro. A Supervia classificou o incidente de ontem de "vandalismo" e afirmou que, em 12 minutos, fez o reparo da composição enguiçada. Em abril, agentes de controle da empresa açoitaram usuários com cordas de apito em Madureira (zona norte). Quatro agressores foram demitidos. Texto Anterior: Defensor público será obrigatório em presídios do país Próximo Texto: Borracheiro perde primeiro dia de trabalho e teme ficar sem emprego Índice |
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