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FAB apura se combustível provocou queda
Hipótese, também investigada pela polícia, é que combustível adulterado possa ter afetado potência do Learjet que caiu em SP
Equipe de investigação já recolheu amostras do produto do aparelho e do posto onde o avião abasteceu pela última vez
DA REPORTAGEM LOCAL
A Aeronáutica e a Polícia Civil de São Paulo investigam a
hipótese de a queda do Learjet,
que matou oito pessoas domingo, ter sido provocada por problemas no combustível. Para
conseguir velocidade e ganhar
altura, o avião precisa de combustível de alta octanagem
(com grande capacidade de
combustão). Se há adulteração,
o motor não consegue potência
suficiente e pode parar.
Em muitos casos, o avião
chega a ganhar altura devido ao
combustível armazenado na
bomba, mas, quando recebe o
líquido adulterado dos tanques,
apresenta problemas.
O Seripa (Serviço Regional
de Investigação e Prevenção de
Acidentes Aeronáuticos), que é
da FAB, já recolheu amostras
de combustível do aparelho e
do posto de abastecimento do
hangar da Paulicopter no Campo de Marte (zona norte), onde
a aeronave abasteceu pela última vez.
"Já colhemos amostras, mas
ainda não temos o resultado
dos testes", disse o tenente-coronel Wagner Cyrillo, chefe da
equipe de investigação.
Além de São Paulo, também
serão recolhidas amostras em
outros locais por onde o avião
passou nos últimos dias.
A adulteração do combustível, segundo especialistas, pode
ocorrer intencionalmente, com
a mistura de substâncias (como
solvente de borracha), ou acidentalmente, pelo acúmulo de
água nos tanques de combustível dos aviões (veja quadro).
Desde 1949, segundo a Flight
Safety Foundation -maior entidade de segurança aérea do
mundo-, a adulteração foi responsável por pelo menos 15 acidentes pelo mundo, nove deles
no momento da decolagem (como no Learjet). Morreram 133
pessoas nesses acidentes.
Segundo o coordenador do
curso de ciências aeronáuticas
da UCG (Universidade Católica
de Goiás), Raul Francé Monteiro, esse tipo de problema é chamado de "flame out" (apagamento da chama). "Um "flame
out" ou um "duo flame out" [apagamento dos dois motores] é
possível, realmente possível."
Segundo a Folha apurou, a
Secretaria da Segurança Pública considera essa hipótese a
mais provável. Mas a verdadeira causa do acidente só será conhecida após a conclusão das
investigações do Seripa -sem
prazo definido para ocorrer.
"As turbinas não estavam
com problemas, em princípio,
porque o avião foi vistoriado. O
avião fez dois vôos no dia anterior sem problema, sem histórico de grande problema. Por
isso que surgiu a possibilidade
de um fato, que tem sido raro,
que é a entrada de água no tanque", disse o presidente da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves, George Sucupira.
(ROGÉRIO PAGNAN, EVANDRO SPINELLI E KLEBER TOMAZ)
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