São Paulo, quinta-feira, 08 de novembro de 2007

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FAB apura se combustível provocou queda

Hipótese, também investigada pela polícia, é que combustível adulterado possa ter afetado potência do Learjet que caiu em SP

Equipe de investigação já recolheu amostras do produto do aparelho e do posto onde o avião abasteceu pela última vez

DA REPORTAGEM LOCAL

A Aeronáutica e a Polícia Civil de São Paulo investigam a hipótese de a queda do Learjet, que matou oito pessoas domingo, ter sido provocada por problemas no combustível. Para conseguir velocidade e ganhar altura, o avião precisa de combustível de alta octanagem (com grande capacidade de combustão). Se há adulteração, o motor não consegue potência suficiente e pode parar.
Em muitos casos, o avião chega a ganhar altura devido ao combustível armazenado na bomba, mas, quando recebe o líquido adulterado dos tanques, apresenta problemas.
O Seripa (Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), que é da FAB, já recolheu amostras de combustível do aparelho e do posto de abastecimento do hangar da Paulicopter no Campo de Marte (zona norte), onde a aeronave abasteceu pela última vez.
"Já colhemos amostras, mas ainda não temos o resultado dos testes", disse o tenente-coronel Wagner Cyrillo, chefe da equipe de investigação.
Além de São Paulo, também serão recolhidas amostras em outros locais por onde o avião passou nos últimos dias.
A adulteração do combustível, segundo especialistas, pode ocorrer intencionalmente, com a mistura de substâncias (como solvente de borracha), ou acidentalmente, pelo acúmulo de água nos tanques de combustível dos aviões (veja quadro).
Desde 1949, segundo a Flight Safety Foundation -maior entidade de segurança aérea do mundo-, a adulteração foi responsável por pelo menos 15 acidentes pelo mundo, nove deles no momento da decolagem (como no Learjet). Morreram 133 pessoas nesses acidentes.
Segundo o coordenador do curso de ciências aeronáuticas da UCG (Universidade Católica de Goiás), Raul Francé Monteiro, esse tipo de problema é chamado de "flame out" (apagamento da chama). "Um "flame out" ou um "duo flame out" [apagamento dos dois motores] é possível, realmente possível."
Segundo a Folha apurou, a Secretaria da Segurança Pública considera essa hipótese a mais provável. Mas a verdadeira causa do acidente só será conhecida após a conclusão das investigações do Seripa -sem prazo definido para ocorrer.
"As turbinas não estavam com problemas, em princípio, porque o avião foi vistoriado. O avião fez dois vôos no dia anterior sem problema, sem histórico de grande problema. Por isso que surgiu a possibilidade de um fato, que tem sido raro, que é a entrada de água no tanque", disse o presidente da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves, George Sucupira. (ROGÉRIO PAGNAN, EVANDRO SPINELLI E KLEBER TOMAZ)

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