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Butantan quer duplicar vacinas contra a gripe suína
Nova direção da fundação utilizará produto para aumentar doses do medicamento para campanha de vacinação de 2010
Previsão da entidade é conseguir produzir cerca de 200 mil doses por dia com funcionamento de nova fábrica no ano que vem
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fundação Butantan quer
tornar a vacina contra a gripe
suína acessível ao maior número de grupos de risco possível
na vacinação do próximo ano,
já que ela não estará disponível
para toda a população.
Esse é um dos planos da nova
gestão, encabeçada pelo presidente José da Silva Guedes
-ex-secretário estadual da
Saúde (gestão Covas) -e o superintendente-geral Hernan
Chaimovich -professor de bioquímica da USP.
Eles assumiram a fundação
em outubro, um mês após o Ministério Público denunciar desvio de R$ 35 milhões na fundação, levando à renúncia do então presidente Isaías Raw -hoje no Conselho Científico.
Veja trechos da entrevista
concedida à Folha por Guedes
e Chaimovich.
FOLHA - A fundação tentará tornar
a vacina disponível ao maior número de pessoas possível?
JOSÉ DA SILVA GUEDES - Nesse momento há uma sede por vacina
H1N1 no mundo. E não há volume suficiente. Os Estados Unidos não vão vacinar a população toda. Eles estão vacinando
crianças, profissionais da saúde
etc. Se uma das nossas expectativas se verificar, temos chance
de usar metade da dose para cada pessoa usando um produto
(adjuvante) do Butantan. Então os 17 milhões seriam transformados em 34 milhões. Isso,
para a estratégia do Ministério
da Saúde, será importante.
FOLHA - A produção da vacina contra a gripe comum será afetada?
HERNAN CHAIMOVICH - As 22 milhões de doses estão garantidas.
FOLHA - E a fábrica de vacinas contra a gripe construída no Butantan?
O governo anunciou que ela começaria a produzir em anos anteriores,
mas ainda está em certificação pela
Sanofi Pasteur, que transferiu tecnologia. Houve até contestação da
licitação na Justiça.
GUEDES - São esses os riscos
que você corre quando faz coisas. Certamente o Isaías Raw ficou muito chateado quando a
licitação foi anulada.
CHAIMOVICH - Uma fábrica de
um produto desses, você
aprende quando você constrói
o prédio, os equipamentos e
quando começa a produzir. Os
técnicos da Sanofi estiveram
aqui durante três semanas percorrendo o processo. Para mim,
gestor, foi extremamente satisfatório constatar a qualidade
do pessoal que foi treinado. A
certificação de uma vacina viral
é algo que se tem que olhar desde a qualidade do ovo que se usa
para inocular o vírus até a limpeza do chão. Você testa o processo de produção, observa o
treinamento, como se desfaz de
sobras. Nós passamos por isso.
FOLHA - A produção da vacina contra a gripe suína, que será nessa fábrica, pode atrasar?
CHAIMOVICH - Não. Será tudo
nos prazos solicitados pelo Ministério da Saúde.
GUEDES - A ideia é durante
2010 estarmos no processo de
produção, inoculando nossos
ovos. A previsão é trabalhar
com 200 mil doses por dia.
FOLHA - Como vê a denúncia de
desvio de R$ 35 milhões?
GUEDES - Houve um acidente
de percurso e há uma investigação. Isso é objeto do promotor
Airton Grazzioli e sua equipe.
FOLHA - O Ministério Público considerou a gestão anterior "caseira"?
GUEDES - Essa é uma informação que eu recebo da Curadoria
de Fundações. A nossa ideia é,
daqui para a frente, colaborar
para que a estrutura de trabalho dessa fundação seja mais
atualizada e mais competente.
Há uma substância que espero
que o ministério dê ênfase na
utilização que é o surfactante,
um produto que ajuda o recém-nascido prematuro a abrir os
alvéolos pulmonares. Isso diminui a mortalidade infantil.
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