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São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2003

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CONSUMO

Variedade de produtos seduz compradores de alto poder aquisitivo; comerciantes árabes são maioria na região

25 de Março atrai público de todas as classes

Marlene Bergamo - 28.nov.2003/Folha Imagem
Esquina da ladeira Porto Geral com a rua 25 de Março, cuja região atrai cerca de 800 mil consumidores por dia em períodos de festa


SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL

O ditado dos comerciantes prediz: "Se não tem na 25 de Março é porque não existe". A máxima pode ser exagerada, mas uma caminhada pela região, que tem cerca de 3.000 lojas, quase convence qualquer visitante. Familiar para lojistas da capital paulista e do interior, além de consumidores de produtos populares, a rua 25 de Março, no centro de São Paulo, também agrada aos frequentadores de shoppings centers.
O local é conhecido pelas lojas lotadas e a falta de conforto, além de ser ponto de blitze da polícia, como a que, na semana passada, fechou a galeria Pagé, conhecida pela venda de mercadorias contrabandeadas na região.
Mas a variedade de produtos de qualidade que podem ser comprados a preços mais acessíveis, exigindo apenas paciência, atrai cerca de 400 mil pessoas por dia -número que dobra nos períodos festivos.
"É uma caça ao tesouro. Muitas vezes você compra peças simples, superbaratas, e faz um belo presente", diz o decorador João Armentano, 42. Como dica para os mais resistentes, ele sugere, para uma casa de praia, a compra de um conjunto de pratos e copos de plástico colorido -cada peça custa cerca de R$ 1 na região.
A dica do decorador é apenas uma entre as várias combinações que podem ser feitas com os produtos do local -rendas, tecidos, pedrarias, miçangas, tintas, pincéis, bolsas, brincos, papelarias, enfeites, estofados e tudo o mais que o cliente descobrir procurando entre os produtos expostos nas estantes e prateleiras.
A designer de interiores Lo Braz, 32, aprendeu os caminhos da 25 e tem um mapa das suas lojas preferidas na cabeça. "Há uma loja que vende produtos originais da Trussardi com descontos de 30% a 40% em relação aos preços dos shoppings".
A designer também consegue comprar na região tecidos para cortinas, lingerie de suas marcas preferidas e produtos para pintura e artesanato.
A habilidade da designer para andar entre as lojas não é, porém, tão fácil de se adquirida. Nas ruas estreitas, pedestres disputam espaço com barracas de camelôs, endereços ficam encobertos pelos anúncios das lojas e é difícil andar sem esbarrar em alguém.
O resultado de décadas abrigando novas nacionalidades e abrindo espaço para produtos diversos atrai pessoas como a figurinista Juliana Maia, 28, da MTV. Responsável pelo visual dos programas da emissora, a figurinista costuma comprar acessórios nas lojinhas da 25.
"Em um ano, todos os acessórios que uma apresentadora usava foram comprados na 25", diz.

Imigrantes
Esse comércio agitado, que gera cerca de 40 mil empregos, começou com os primeiros imigrantes árabes no início do século passado, servindo de ponto-de-venda de porcelanas japonesas, casimiras inglesas e rendas suíças. No final dos anos 30, a região transformou-se em centro atacadista de tecidos, vestuário e armarinho.
"Antes o comércio era mais dos árabes e de alguns portugueses, que vendiam produtos nacionais. Na época do dólar baixo, vieram os coreanos e os chineses com os importados", diz Miguel Giorgi Junior, da loja A Gaivota, uma das mais tradicionais do bairro.
Apesar da mudança no perfil dos estabelecimentos, segundo a Univinco (associação dos comerciantes da região), os árabes ainda permanecem como maioria na 25. Em segundo lugar estão as lojas comandadas por chineses.



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