São Paulo, quinta-feira, 08 de dezembro de 2005

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ENGENHARIA DO CRIME

Empresário acusado de vender carros à quadrilha só foi libertado após pagamento de resgate

Caso do furto do BC tem mais um seqüestro

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Acabou, na noite de anteontem, o terceiro seqüestro de uma pessoa envolvida no furto ao Banco Central, em Fortaleza. Assim como nos dois primeiros, o desfecho só foi possível após o pagamento de resgate, estimado em R$ 2 milhões pela polícia do Ceará. A família não confirma o valor.
O seqüestrado foi o empresário José Elizomarte Fernandes Vieira, um dos donos da revenda de carros Brilhe Car, de Fortaleza. Ele e o irmão, Francisco Dermival Fernandes Vieira, ficaram 41 dias presos na sede da Polícia Federal por terem vendido dez veículos à quadrilha que invadiu o banco. O pagamento, R$ 980 mil, foi feito com o dinheiro furtado. Indiciados por lavagem de dinheiro, eles foram soltos porque a Justiça aceitou o argumento da defesa de que não atrapalhariam a ação criminal por terem residência fixa.
O furto ao Banco Central, o maior já realizado no país, aconteceu há quatro meses. Foram levados R$ 164,8 milhões, por meio de um túnel de 80 metros. O seqüestro foi na noite do dia 29. A Folha acompanhou o caso, mas nada publicou em respeito às normas de seu "Manual da Redação", segundo o qual o jornal pode decidir omitir uma informação se ela colocar em risco a segurança pública, uma pessoa ou empresa.
José Elizomarte contou ontem que o seqüestro ocorreu na avenida Antônio Sales, uma das mais movimentadas da capital cearense. Ele estava parado, no carro, em um sinal de trânsito, quando três homens, que se apresentaram como policiais, disseram que iriam vistoriar o veículo. Imediatamente, segundo ele, colocaram um capuz em sua cabeça.
O empresário disse que, antes de chegar ao local do cativeiro, o carro rodou de três a quatro horas. "Lá, fiquei o tempo todo num quarto fechado, no escuro, sem escutar nada, sem saber de nada."
A Polícia Civil ficou afastada do seqüestro a pedido da família e somente ontem começou a investigar o caso. Entre as hipóteses, segundo o delegado Luiz Carlos Dantas, está a de que integrantes da quadrilha ou criminosos decidiram tomar dinheiro dos envolvidos no furto.


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