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ENGENHARIA DO CRIME
Empresário acusado de vender carros à quadrilha só foi libertado após pagamento de resgate
Caso do furto do BC tem mais um seqüestro
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Acabou, na noite de anteontem,
o terceiro seqüestro de uma pessoa envolvida no furto ao Banco
Central, em Fortaleza. Assim como nos dois primeiros, o desfecho só foi possível após o pagamento de resgate, estimado em
R$ 2 milhões pela polícia do Ceará. A família não confirma o valor.
O seqüestrado foi o empresário
José Elizomarte Fernandes Vieira,
um dos donos da revenda de carros Brilhe Car, de Fortaleza. Ele e
o irmão, Francisco Dermival Fernandes Vieira, ficaram 41 dias
presos na sede da Polícia Federal
por terem vendido dez veículos à
quadrilha que invadiu o banco. O
pagamento, R$ 980 mil, foi feito
com o dinheiro furtado. Indiciados por lavagem de dinheiro, eles
foram soltos porque a Justiça
aceitou o argumento da defesa de
que não atrapalhariam a ação criminal por terem residência fixa.
O furto ao Banco Central, o
maior já realizado no país, aconteceu há quatro meses. Foram levados R$ 164,8 milhões, por meio
de um túnel de 80 metros. O seqüestro foi na noite do dia 29. A
Folha acompanhou o caso, mas
nada publicou em respeito às normas de seu "Manual da Redação",
segundo o qual o jornal pode decidir omitir uma informação se
ela colocar em risco a segurança
pública, uma pessoa ou empresa.
José Elizomarte contou ontem
que o seqüestro ocorreu na avenida Antônio Sales, uma das mais
movimentadas da capital cearense. Ele estava parado, no carro, em
um sinal de trânsito, quando três
homens, que se apresentaram como policiais, disseram que iriam
vistoriar o veículo. Imediatamente, segundo ele, colocaram um capuz em sua cabeça.
O empresário disse que, antes
de chegar ao local do cativeiro, o
carro rodou de três a quatro horas. "Lá, fiquei o tempo todo num
quarto fechado, no escuro, sem
escutar nada, sem saber de nada."
A Polícia Civil ficou afastada do
seqüestro a pedido da família e
somente ontem começou a investigar o caso. Entre as hipóteses, segundo o delegado Luiz Carlos
Dantas, está a de que integrantes
da quadrilha ou criminosos decidiram tomar dinheiro dos envolvidos no furto.
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