São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2006

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BARBARA GANCIA

Vaca amarela contra "Turistas"


O filme é lixo, do tipo que eu não perderia tempo vendo nem mesmo em fim de semana com chuva na praia


POR QUE tanto barulho sobre o longa-metragem"Turistas", lançado nesta semana nos Estados Unidos, que retrata um Brasil violento e crasso, de seqüestros na selva, assassinatos brutais, tráfico de órgãos e jovens seminuas seduzindo turistas ingênuos?
No Orkut, formou-se uma comunidade de ofendidos que proclama o boicote ao filme. Pois eu digo: deixem pra lá! Você se lembra, meu nobre leitor, da vergonha que sentimos quando a Riotur pediu publicamente explicações à Matt Groening, por conta daquele divertidíssimo desenho de "Os Simpsons" que se passava no Rio? Pois é, achar que a honra nacional pode ser abalada por um desenho animado é coisa de república das bananas mal resolvida.
E digo mais: só falta agora a gente repetir o provincianismo do governo do Cazaquistão, que tentou de tudo que foi jeito impedir a exibição do filme com o personagem Borat, o falso jornalista do Cazaquistão vivido pelo comediante inglês Sacha Baron Cohen (com lançamento previsto no Brasil para 18 de fevereiro de 2007). Os cazaquis acabaram chegando à conclusão de que era melhor calar e consentir. Afinal, cada um inventa a história que quiser contar no cinema, não é mesmo?
"Turistas" já nasceu fadado às prateleiras inferiores das locadoras de DVD. Pelo trailer e as críticas na imprensa norte-americana, percebe-se que o filme se encaixa na categoria dos "Dead Teenager Movies" (filmes de adolescentes mortos) ou "Dead Tourist Movies" (filmes de turistas mortos), duas vertentes das produções B, a primeira surgida em meados dos anos 70 e a segunda, um fenômeno bem mais recente.
É lixo, do tipo que eu não perderia tempo vendo nem mesmo em fim de semana com chuva na praia. Melhor o assunto morrer aqui, mesmo porque, tirando a parte do tráfico de órgãos, não é que a gente possa dizer que no Brasil não exista violência de espantar até palestino da Faixa de Gaza, que os turistas sejam especialmente bem tratados ou que a prostituição (de todos os tipos, formatos e cores) para atender estrangeiros não esteja bombando a mil por hora.

"F for Fake"
Nesta semana, no meu bate-papo no UOL, algumas pessoas mostraram-se preocupadas com aquela nova campanha de cerveja, que começou com a falsa notícia de que o "baixinho da Kaiser" estaria namorando a atriz Karina Bacchi. A notícia foi publicada em várias revistas de amenidades como se fosse verdadeira e depois, com o desenrolar da ação publicitária, o público acabou se dando conta de que era tudo uma grande brincadeira.
Algumas pessoas questionaram no "Barbaridades & Extravagâncias" se não é abrir um perigoso precedente uma empresa poder pagar, com páginas de publicidade, para enxertar notícias falsas no editorial. Como a campanha da Kaiser foi lançada justamente na hora em que se discute como as verbas publicitárias de empresas estatais são distribuídas pelo governo, a preocupação até tem alguma razão de ser. Mas, no caso específico da Kaiser, em que tudo já estava preparado para o "grand finale", a gente só pode tirar o chapéu para o aspecto novidadeiro da campanha.

barbara@uol.com.br


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