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Secretário quer menos presos no RDD
Ferreira Pinto (Administração Penitenciária), que continuará no cargo na gestão Serra, agora classifica o regime de "cruel" e "desumano'
Idéia, disse o secretário, é manter detento no sistema considerado mais rigoroso das prisões apenas em "casos de última instância"
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Administração Penitenciária, Antônio Ferreira Pinto, afirmou ontem que
irá reduzir o número de presos
que cumprem pena no sistema
mais rígido do sistema prisional paulista, o RDD (Regime
Disciplinar Diferenciado).
Criado na gestão do ex-governador Geraldo Alckmin e
defendido pelo então candidato José Serra, ambos do PSDB,
o sistema foi classificado pelo
secretário, que irá permanecer
no cargo no governo Serra, como "cruel" e "desumano".
O secretário disse que reduziu em 66% o número de internações nesse tipo de regime
nos últimos seis meses. No
RDD, o preso fica isolado 22
horas por dia, em celas individuais e sem acesso a rádio e TV.
Em julho deste ano, quando o
Estado sofria uma série de
atentados e rebeliões promovidas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), o regime
atingiu o ápice de internações
com 144 detentos -neste mês,
o número caiu para 49. "Eu lhes
garanto que nós vamos reduzir
esse número [ainda mais]",
afirmou. "Ele vai ser utilizado
apenas em última instância, ser
a exceção das exceções."
As declarações de Ferreira
Pinto foram dadas ontem, no
Palácio dos Bandeirantes, após
uma reunião com o Conselho
Nacional de Política Criminal e
Penitenciária -que, em relatório, fez críticas ao sistema.
O anfitrião, o governador
Cláudio Lembo (PFL), também
se disse contrário ao regime.
"Acho o RDD uma forma de
tortura medieval. Só quem conhece o RDD sabe o que é."
Apesar de dizer que é contra
o RDD, Lembo não admite, porém, extingui-lo. "Não sou romântico. Eu preservaria o
RDD, mas usaria só em situações muito extremas."
O governador defendeu, ainda, a transferência do chefe do
PCC, Marco William Herbas
Camacho, o Marcola, para uma
penitenciária em regime menos rigoroso. Hoje ele está em
Presidente Bernardes.
Mesmo dizendo não querer
criticar "o passado", o secretário fez críticas indiretas ao seu
antecessor, o juiz aposentado
Nagashi Furukawa, dizendo
que é "comodismo" utilizar o
RDD para enfrentar crises.
Furukawa, que utilizou o
RDD como forma de isolar os
líderes de facções criminosas,
disse ter utilizado o mecanismo
que julgou necessário no momento. "Se o secretário que é tido como durão no combate ao
crime organizado acha o RDD
muito duro, desumano, sou eu
quem passava a mão na cabeça
dos presos? Eu jamais tive
qualquer complacência com o
crime organizado e, para mim,
o RDD estava muito bom para
eles", disse o ex-secretário.
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