São Paulo, sábado, 08 de dezembro de 2007

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PF prende quadrilha de falsos delegados

Em quatro Estados, estelionatários se passavam por policiais da própria PF e também por procuradores da República

Quadrilha oferecia anúncios em revistas; quando vítimas se recusavam a pagar, os golpistas as ameaçavam com falsas investigações

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Federal prendeu ontem 23 pessoas (22 das quais em São Paulo e uma no Rio de Janeiro) acusadas de integrar uma quadrilha que utilizava o nome da própria PF, da Procuradoria Geral da República, do Supremo Tribunal Federal e da Receita Federal para extorquir dinheiro de empresas localizadas em todo o país.
Chamada de Operação Repique, a ação da PF ocorreu simultaneamente em quatro Estados: São Paulo, Rio, Sergipe e Santa Catarina, onde, ao todo, foram cumpridos 64 mandados de busca e apreensão.
O golpe aplicado pelos falsos servidores federais, segundo o delegado federal Adalto Ismael Rodrigues Machado, começava com pesquisas -em jornais, revistas e catálogos telefônicos- sobre as empresas que pretendiam lesar. Depois de descobrir seus donos e diretores, a quadrilha lhes oferecia a venda de anúncios em revistas que, teoricamente, pertenciam a órgãos como sindicatos de policiais, funcionários do Ministério Público Federal e outras instituições de funcionários públicos.
Os contatos quase sempre eram por telefone e, diante da recusa em comprar espaços publicitários, os empresários eram extorquidos com ameaças de que sofreriam ações da PF -e de outros órgãos, como a Receita Federal.
Horas antes de a operação começar, um homem de aproximadamente 40 anos foi encontrado morto, com três tiros, dentro de um carro de luxo, na zona sul de São Paulo. Com ele, a polícia encontrou carteiras falsas de delegado da PF.

Cartões falsos
Nas raras vezes em que apareciam pessoalmente, os acusados usavam cartões de visita com nomes e brasões das instituições federais. Em um deles está grafado "ABIM", uma referência à Abin, Agência Brasileira de Inteligência; em outro, os golpistas abreviaram "Superior Trib. Federal".
Em quatro meses, a PF descobriu, por escutas telefônicas, que o grupo fez ao menos 50 vítimas e arrecadou R$ 700 mil.
Todas as empresas, cujos nomes não foram divulgados, serão intimadas a explicar por que deram dinheiro aos golpistas. A PF suspeita de que as empresas pagaram a extorsão porque têm irregularidades. A denúncia do golpe foi feita pela Associação dos Servidores do Ministério Público Federal.
Segundo Machado, para estipular o valor da extorsão, os golpistas usavam o perfil de arrecadação das empresas. Além dos 23 presos (dentre os quais um advogado) ontem, todos com prisão temporária de cinco dias, decretada pela 8ª Vara Federal, outros quatro integrantes estão foragidos.
O superintendente da PF em SP, Jaber Makul Hanna Saadi, disse que, "para não atrapalhar as investigações", os nomes dos presos não seriam revelados.


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