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PF prende quadrilha de falsos delegados
Em quatro Estados, estelionatários se passavam por policiais da própria PF e também por procuradores da República
Quadrilha oferecia anúncios em revistas; quando vítimas se recusavam a pagar, os golpistas as ameaçavam com falsas investigações
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal prendeu
ontem 23 pessoas (22 das quais
em São Paulo e uma no Rio de
Janeiro) acusadas de integrar
uma quadrilha que utilizava o
nome da própria PF, da Procuradoria Geral da República, do
Supremo Tribunal Federal e da
Receita Federal para extorquir
dinheiro de empresas localizadas em todo o país.
Chamada de Operação Repique, a ação da PF ocorreu simultaneamente em quatro Estados: São Paulo, Rio, Sergipe e
Santa Catarina, onde, ao todo,
foram cumpridos 64 mandados
de busca e apreensão.
O golpe aplicado pelos falsos
servidores federais, segundo o
delegado federal Adalto Ismael
Rodrigues Machado, começava
com pesquisas -em jornais, revistas e catálogos telefônicos-
sobre as empresas que pretendiam lesar. Depois de descobrir
seus donos e diretores, a quadrilha lhes oferecia a venda de
anúncios em revistas que, teoricamente, pertenciam a órgãos como sindicatos de policiais, funcionários do Ministério Público Federal e outras
instituições de funcionários
públicos.
Os contatos quase sempre
eram por telefone e, diante da
recusa em comprar espaços publicitários, os empresários
eram extorquidos com ameaças de que sofreriam ações da
PF -e de outros órgãos, como a
Receita Federal.
Horas antes de a operação
começar, um homem de aproximadamente 40 anos foi encontrado morto, com três tiros,
dentro de um carro de luxo, na
zona sul de São Paulo. Com ele,
a polícia encontrou carteiras
falsas de delegado da PF.
Cartões falsos
Nas raras vezes em que apareciam pessoalmente, os acusados usavam cartões de visita
com nomes e brasões das instituições federais. Em um deles
está grafado "ABIM", uma referência à Abin, Agência Brasileira de Inteligência; em outro, os
golpistas abreviaram "Superior
Trib. Federal".
Em quatro meses, a PF descobriu, por escutas telefônicas,
que o grupo fez ao menos 50 vítimas e arrecadou R$ 700 mil.
Todas as empresas, cujos nomes não foram divulgados, serão intimadas a explicar por
que deram dinheiro aos golpistas. A PF suspeita de que as
empresas pagaram a extorsão
porque têm irregularidades. A
denúncia do golpe foi feita pela
Associação dos Servidores do
Ministério Público Federal.
Segundo Machado, para estipular o valor da extorsão, os
golpistas usavam o perfil de arrecadação das empresas. Além
dos 23 presos (dentre os quais
um advogado) ontem, todos
com prisão temporária de cinco dias, decretada pela 8ª Vara
Federal, outros quatro integrantes estão foragidos.
O superintendente da PF em
SP, Jaber Makul Hanna Saadi,
disse que, "para não atrapalhar
as investigações", os nomes dos
presos não seriam revelados.
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