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Procon afasta diretora após "festinha" da Telefônica
O secretário Luiz Antônio Marrey (Justiça) disse ser "inaceitável" receber presentes
Secretário, a cuja pasta o Procon é subordinado, determinou a abertura de processo administrativo para investigar o fato
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Justiça de
São Paulo, Luiz Antônio Marrey, afirmou ontem em ofício
considerar "inaceitável" o recebimento de presentes por parte
de funcionários da Fundação
Procon-SP. Na última quinta,
mais de 100 funcionários ligados à entidade participaram de
encontro de intercâmbio com
palestras, almoço e brindes patrocinados pela Telefônica.
Marrey determinou a abertura de processo administrativo para investigar o fato, e ontem mesmo o Procon-SP -órgão da Secretaria da Justiça-
afastou a diretora de atendimento, Miriam Trevisan Nassif, e sua assistente (cujo nome
não foi divulgado), que seguirão com outras funções ao menos até o fim da investigação.
Miriam foi uma das premiadas no sorteio realizado após o
almoço no hotel Mercure, em
Santana, zona norte de SP, onde a Telefônica sorteou prêmios como aparelhos de DVD,
telefones sem fio, pendrives e
relógios de mesa. Ela disse que
aceitou o prêmio para evitar
um constrangimento e que ele
seria devolvido ontem, conforme fez o Procon-SP por ofício.
Segundo ela, o objetivo no
evento era dialogar com diretores da empresa visando melhorar o atendimento ao consumidor e discutir formas de evitar o
elevado número de reclamações sobre os serviços da empresa de telefonia.
Na capital paulista, conforme
o último levantamento (2006),
a empresa liderou o ranking do
Procon com 11% das queixas
(2.262), seguida da Vivo (1.076)
e da Embratel (916). Entre as
principais queixas estavam cobrança indevida e serviços não-solicitados.
Para Marrey, o recebimento
de presentes significa "aceitar
vantagens indevidas de empresas fiscalizadas". Ele determinou que fossem tomadas providências para apuração das responsabilidades e devolução dos
presentes. O relógio de mesa e o
pendrive ganhos pelas funcionárias da fundação afastadas do
cargo, ambos com marca Telefônica, foram devolvidos.
Segundo a Telefônica, o objetivo da reunião era um intercâmbio de informações "que
permitam o aprimoramento
constante do atendimento e
dos serviços prestados". A empresa informou ainda que realiza periodicamente reuniões de
discussão e que, além de informar sobre melhorias e projetos
em andamento, recebe sugestões e críticas do Procon. Em
nota, a Telefônica disse ontem
que decidiu constituir uma comissão para investigar o caso e
apurar responsabilidades.
A diretoria-executiva do Procon-SP disse que não tinha conhecimento de que o evento teria qualquer tipo de confraternização ou de sorteio.
Mas não foram apenas os
brindes sorteados anteontem
que a Telefônica ofereceu. Carlos Coscarelli, assessor chefe da
diretoria-executiva do Procon,
disse que, "apesar do longo relacionamento", a empresa se
inclui entre as que insistem em
distribuir brindes.
"Algumas já deixaram de fazer isso", disse, em razão de os
presentes serem devolvidos
por ofício. "Mas a Telefônica
está sempre mandando alguma
coisa para os funcionários", como panetones. "A gente vem
sempre, polidamente, tentando contornar essa situação."
Coscarelli afirmou na quinta-feira que os presentes apenas não foram devolvidos no
evento porque criaria um constrangimento grande e porque o
objetivo era melhorar o relacionamento, e não piorá-lo.
Prefeituras
A decisão do governo estadual não significa obrigatoriamente que os Procons municipais irão seguir a orientação, já
que são geridos pelas prefeituras, têm autonomia e apenas
são conveniados à fundação.
No evento estavam presentes
representantes de cidades da
região metropolitana e interior, como Mauá, Itu, Mogi das
Cruzes, Pirapora, Diadema, Barueri, Cotia, Santana do Parnaíba e Osasco, além da capital.
O Procon de Itapecerica da
Serra, por exemplo, afirmou
que seguirá as orientações da
Fundação Procon. Outros não
se manifestaram, como o de
Santo André. Sua gerente, Doroti Cavalini, havia dito na
quinta que a participação no
evento não altera a conduta do
Procon em relação à empresa e
que o órgão seguirá atuante na
defesa do consumidor.
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