São Paulo, segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

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Medo muda hábitos de freqüentadores de parque

DA REPORTAGEM LOCAL

"Ótimo para namorar, mas perigoso por causa da "elza" que tem levado vidas". Hoje, essa é a descrição dos homossexuais para o parque dos Paturis. Elza, na gíria dos gays, é roubo. E a ação do serial killer mudou os hábitos dos freqüentadores.
Aos sábados, uma festa reunia os homossexuais. Hoje, não há mais, mesmo sendo "temporada de caça", época do verão quando os gays ficavam até mais tarde no Paturis. O medo de que o "maníaco do arco-íris" esteja à espreita mudou tudo. Além disso, muitos gays procuram ser "mais masculinos", como diz um estudante de direito ouvido na última quarta pela Folha e que pediu para ter sua identidade preservada.
"Aqui no Paturis era tudo liberal. O pessoal andava com rebolado, era área livre. Hoje, os que conseguem dão uma de macho e andam como homem para não chamar a atenção desse maluco", diz o estudante.
Ainda na noite de quarta, a simples aproximação do carro da reportagem (sem identificação) fez com que dois rapazes que andavam pela "ala A", onde ficam as "mesinhas da morte" e onde o maníaco fez mais vítimas até agora (oito das 13), apressassem o passo para sumir em meio às árvores. A falta de luz só permite perceber alguns vultos atrás das árvores. E é essa escuridão que ajuda o serial killer a fugir depois de fazer suas vítimas.
Enquanto moças e rapazes enrolavam cigarros de maconha em frente ao banheiro, a reportagem se deparava com os dois jovens que haviam fugido minutos antes, agora na parte mais iluminada. Ainda assustados, ameaçaram correr quando as portas do carro foram abertas para o desembarque dos repórteres. "Na dúvida, a gente corre. Como vamos saber se é ou não o matador que está solto por aqui?", diz um dos dois rapazes de 21 anos que, ao lado do parceiro, só falou sob a condição de que suas identidades fossem preservadas. "Nossos pais não sabem que somos gays", explicou um deles.
Por segurança, os gays estabeleceram que, a qualquer barulho parecido com o de tiro, todos devem correr para as áreas claras. O medo também fez com que procurassem ter relação sexual com conhecidos. "Antes, a gente conversava com o cara, gostava e já ia [fazer sexo]. Hoje, não é tão assim. Se vai com um desconhecido da "ala B" para a "fazendinha" [onde os homossexuais fazem sexo], tem que tomar o cuidado de avisar um amigo", conta um dos jovens de 21 anos. (AC e RP)



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