São Paulo, terça-feira, 08 de dezembro de 2009

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Bando compra casa, faz túnel e leva R$ 10 mi

No maior assalto do ano em SP, ladrões escavaram buraco de 100 metros e entraram em cofre de empresa de transportes

Crime ocorreu durante jogos decisivos do Campeonato Brasileiro; para a polícia, bando tinha informações privilegiadas sobre empresa

Alemeida Rocha/Folha Imagem
Rua José Mascaro, em Pirituba, onde ocorreu o furto à transportadora

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Assim como fizeram em 2005 os ladrões que furtaram R$ 164,8 milhões do Banco Central de Fortaleza, criminosos escavaram um túnel com aproximadamente cem metros e levaram ao menos R$ 10 milhões do cofre da empresa de valores Transnacional, em Pirituba (zona norte de São Paulo), na tarde de domingo, no mesmo horário dos jogos decisivos do Campeonato Brasileiro.
O túnel usado pelos ladrões para atingir o cofre central da Transnacional partiu de uma casa comprada pela quadrilha por R$ 150 mil há cerca de seis meses por Marcelo Mendes Mitsui -não há registro criminal com esse nome.
O buraco, que tinha iluminação e ventilação artificiais e era escorado com chapas de ferro e de madeira, seguiu o aclive existente entre a casa de onde partiu para cortar por baixo a praça Barão de Ibirocaí, onde está a Transnacional.
A polícia acredita que o túnel era escavado sempre entre 8h e 14h, quando os moradores do lugar, um casal que vivia com um bebê, ligava um aparelho de som bem alto e homens disfarçados de pedreiros simulavam uma reforma no imóvel.
Pela precisão do buraco para atingir exatamente o cofre da Transnacional e pelo desnível entre a casa e a empresa de valores, a polícia sabe que alguém com conhecimentos de engenharia, muito provavelmente auxiliado por um GPS, participou do furto milionário. Carrinhos de ferro, parecidos com uma maca, usados para transportar os malotes com dinheiro foram encontrados no túnel.
Até a conclusão desta edição, a polícia calculava um prejuízo de R$ 10 milhões, referente ao movimento do cofre até sábado. Como mais dinheiro entrou na empresa no domingo, o valor poderá atingir R$ 20 milhões -uma auditoria irá confirmar o valor.
A polícia tem certeza de que os ladrões responsáveis pelo maior furto deste ano no Estado de São Paulo contavam com informações privilegiadas sobre a quantia de dinheiro no cofre e também sobre os pontos vulneráveis do esquema de segurança da empresa.
De acordo com José Carlos de Avelar Alves, 46, diretor da Transnacional, o furto foi percebido por um funcionário por volta das 21h15 de anteontem, quando ele foi ao cofre para retirar alguns malotes com dinheiro e viu o lugar vazio e com um buraco no chão. O sistema de segurança da Transnacional foi desligado -nada foi gravado pelas câmeras de vídeo.
Graças a um mapa desenhado pelos ladrões, a polícia descobriu que o túnel tinha um rota de fuga, que não chegou a ser usada. Caso algo não desse certo, os criminosos poderiam seguir no sentido oposto ao da empresa Transnacional e sair nos fundos da casa usada por eles - que dava na parede de um estacionamento onde está parado um velho Fusca.


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