São Paulo, terça-feira, 08 de dezembro de 2009

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Ladrões enfeitaram a casa para o Natal

Casal vivia com um bebê em imóvel usado como base para furto milionário; para vizinhos, imóvel passava por reforma

Polícia rastreia câmeras de prédios residenciais e de comércios de Pirituba para tentar descobrir imagens de ladrões da Transnacional

DA REPORTAGEM LOCAL

A casa simples usada pelos ladrões para escavar o túnel de 100 metros até o cofre da Transnacional Transporte de Valores e Segurança Patrimonial Ltda., em Pirituba (zona norte de São Paulo), parecia estar constantemente em reforma, segundo os vizinhos.
Recentemente, dizem, chegou a ser enfeitada para o Natal (uma pequena árvore iluminada na entrada do imóvel) pelo casal que lá vivia com um bebê. A casa tem sala, cozinha, banheiro e dois quartos.
Para evitar que os vizinhos vissem os inúmeros sacos com a terra retirada do túnel, o casal os armazenava nos fundos da casa, sempre tentando passar a impressão de que aterrava a parte baixa do terreno. Uma telha foi improvisada pelos ladrões para tentar impedir a visão de uma das laterais da casa.
A outra parte dos sacos com a terra retirada era usada para escorar o túnel, que tinha 1 metro de altura por 1 metro de largura, segundo peritos que vistoriaram ontem o buraco.
O casal quase sempre tinha a companhia de mais duas pessoas, que se passavam por pedreiro e doméstica e se apresentavam aos vizinhos como Fábio e Amanda.

Enfermeira
No plano dos ladrões, a dona da casa era enfermeira e, assim como seu suposto marido, era bastante reservada. Ela sempre deixava o imóvel vestindo roupas brancas e raramente puxava conversa com os outros moradores da rua José Mascaro.
Assim que a polícia descobriu que o túnel partia da residência em direção ao cofre da Transnacional, os investigadores passaram o dia fazendo o caminho inverso dos documentos sobre a venda do imóvel e também tentando descobrir quem é Marcelo Mendes Mitsui, cuja identidade foi usada para a aquisição da casa.
A polícia também está atrás de imagens dos circuitos de segurança de prédios residenciais e de estabelecimentos comerciais da região de Pirituba para tentar ver se existe algum registro das quatro pessoas que ficavam na casa.
Uma das poucas pistas para tentar localizar os ladrões é um carro (um Fiat Doblò) constantemente visto na residência de onde partiu o túnel.
Outra frente da polícia é rastrear criminosos que passaram pelo sistema prisional paulista e estiveram envolvidos em fugas ocorridas por meio de túneis, principalmente na Penitenciária do Estado e na extinta Casa de Detenção, no Complexo do Carandiru (zona norte).
Em outubro de 2004, oito ladrões com máscaras de lobisomem, macaco e palhaço usaram um túnel de 86 metros -cavado com a ajuda de criminosos que aprenderam a técnica na prisão- para roubar R$ 4,7 milhões da transportadora de valores Transbank, na Penha (zona leste). (ANDRÉ CARAMANTE)


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