São Paulo, terça-feira, 08 de dezembro de 2009

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VIRGINIE AIACH NAUFAL (1918-2009)

Um reencontro vivido no Brasil da rendeira libanesa

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Todas aquelas ferramentas da carpintaria do pai eram brinquedos para a pequena Virginie Naufal. Com medo de ela, então aos quatro anos, se machucar, o pai destacou um rapazinho, aprendiz na oficina, para ficar de olho nas muitas traquinagens da filha.
Isso aconteceu no Líbano, país que Virginie deixou alguns anos depois. Mocinha, ela veio sozinha ao Brasil, no fim dos anos 1930, e foi morar com um tio, em Bauru (SP).
Foi quando soube: Moysés, aquele mesmo jovem que cuidara dela, estava no país, trabalhando numa loja de tecidos. Reencontraram-se, casaram-se e tiveram cinco filhos.
Com uma habilidade manual assombrosa, Virginie fazia minuciosos trabalhos de renda irlandesa, usando papel como matéria-prima. As colchas, toalhas de mesa e lençóis vendidos por ela "construíram uma casa", diz a filha Vitória, sobre os ganhos obtidos pela mãe com o trabalho.
O talento em casa se estendia para a cozinha. Preparava um quibe tão bom que um amigo da família brincava: só se casaria com uma mulher com dons para fazer uma iguaria como aquela.
Nos anos 1960, o marido morreu de câncer. Ela, muito abalada, lembrava-se dele em tudo o que via pelo bairro. O filho Aníbal acabou propondo que se mudasse da zona leste para superar a perda.
Ela morreu na sexta, aos 91, em decorrência de um AVC (acidente vascular cerebral).
Teve 12 netos e dois bisnetos.
A missa de sétimo dia será na quinta, às 20h, na igreja Nossa Senhora da Saúde, em SP.

coluna.obituario@uol.com.br

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