São Paulo, quinta-feira, 09 de janeiro de 2003

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ADMINISTRAÇÃO

Nélio Bizzo (Educação) alegou "razões pessoais"; para Rui Falcão, "tamanho do desafio" pode ter motivado decisão

Secretário de Marta deixa cargo após 6 dias

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário municipal da Educação, Nélio Marco Vincenzo Bizzo, 43, pediu demissão ontem, após ficar só seis dias no cargo. Bizzo, que alegou "razões pessoais" para sair tão rapidamente, era o terceiro a ocupar o cargo na gestão Marta Suplicy (PT).
A demissão surpreendeu o governo, que enfrenta problemas para definir um nome para uma secretaria escolhida como uma das vitrines da gestão PT.
"Ele pode ter feito uma avaliação [quando aceitou o cargo" que era possível compatibilizar. Quando percebeu o tamanho do desafio, [ele" pode ter avaliado...", disse ontem o secretário Rui Falcão (Governo) sobre a saída.
A Folha procurou Bizzo ontem, entre 17h e 21h, para ele comentar sua saída, mas ele não respondeu aos recados deixados na secretaria e em seu celular.
Com R$ 1,89 bilhão de Orçamento para este ano, o órgão tem, por exemplo, a maior receita entre todas as secretarias. Além disso, a secretaria é responsável pelas construção dos CEUs (Centros Educacionais Unificados), obra que Marta Suplicy quer deixar como "marca do governo".
Com a saída de Bizzo e convites feitos pelo governo federal ao primeiro escalão, Marta ainda terá de fazer mudanças em seu secretariado, como na secretaria de Serviços e Obras (Jorge Hereda), e na Anhembi (Eduardo Sanovicz). Nesses dois últimos casos, os titulares foram convidados para atuar no governo federal. No caso da Educação, a secretaria será comandada provisoriamente pela socióloga Maria Aparecida Perez, 46, que ocupava a chefia de gabinete do órgão.
Outros secretários ficaram sabendo da saída do titular da Educação em uma reunião ontem com a prefeita, onde Bizzo e outros novos integrantes do governo seriam apresentados oficialmente aos colegas. Ele não apareceu.
Na secretaria, todos os ex-secretários tiveram gestões curtas. O primeiro, Fernando José de Almeida, ficou pouco mais de um ano, de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002. A segunda, Eny Maia, permaneceu por dez meses, entre fevereiro e dezembro do ano passado. Bizzo bateu o recorde.
"Seria pior se, ao final de dois meses, ele fizesse isso. Teria mudado toda a equipe", disse Falcão.
O ex-secretário passou seus poucos dias no cargo fazendo reuniões com assessores e chefes de departamento. Na segunda-feira, reuniu-se em Brasília com o ministro Cristovam Buarque (Educação).
Bizzo, que é biólogo e vinha ocupando o cargo de vice-diretor da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo), demonstrou desde o começo preocupação com o cargo.
Em entrevista concedida à Folha no primeiro dia de gestão, na sexta-feira, Bizzo admitiu estar perplexo. "Hoje [sexta-feira", como meu primeiro dia, não sei se vou conseguir dormir direito. Não é uma tarefa corriqueira, trivial [ser secretário"", disse.
Bizzo, o pensador acadêmico, revelou as dificuldades que Bizzo, o secretário, teria de enfrentar. "Agora estou desafiado a fazer, não só a pensar."


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