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Idosa é eletrocutada ao atender telefone
Acidente ocorreu na Grande SP, após rompimento de cabo de energia elétrica; outras cinco pessoas disseram ter levado choque
Eletropaulo e Telefônica dizem que "não havia registro de evento onde cabos telefônicos atuassem como condutores de energia"
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma descarga elétrica matou
a aposentada Maria da Rosa de
Lima Correia, 61, segundos
após ela atender ao telefone na
sua casa em São Lourenço da
Serra (56 km de São Paulo). O
acidente, que ainda está sendo
investigado, ocorreu na última
quarta-feira -quando ocorreu
o rompimento de um cabo de
energia elétrica na cidade.
Pelo menos mais cinco pessoas do mesmo bairro -Paiol
do Meio- sofreram choques e
queimaduras ao segurar o aparelho telefônico no mesmo dia.
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar a responsabilidade da Eletropaulo e da Telefônica no caso. O delegado Luís
Cláudio Novaes de Siqueira investiga se a morte da aposentada foi mesmo provocada pelo
rompimento do cabo da energia que encostou no da telefonia, conduzindo eletricidade
até os aparelhos telefônicos.
A assessoria da Eletropaulo
confirmou ter havido o rompimento e condução de eletricidade no fio da Telefônica -fato
"inédito". Em nota conjunta, as
duas empresas informaram
que "até então não havia registro de evento onde cabos telefônicos atuassem como condutores de energia". Especialistas
ouvidos pela Folha afirmam
que o acidente é "raro".
Eletropaulo e Telefônica disseram ainda que às 17h37 do
dia 3, devido às fortes chuvas,
galhos de árvores caíram e
romperam um cabo de transmissão de energia no km 311,5
da rodovia Régis Bittencourt.
"Pode ter ocorrido uma falha
ou na rede da Eletropaulo ou
na rede de outras empresas que
ocupam o poste, mas nada é
conclusivo", afirmou Carlos
Prestes, gerente de segurança
da Eletropaulo, em entrevista
ao "SPTV", da Rede Globo.
"Foi uma sinfonia macabra
de telefones tocando sem parar
e gente correndo para atender
e levando choque", relatou o
frentista do posto Ipiranga Sidney de Castro, 29. Os telefones
da cidade só voltaram a funcionar parcialmente ontem.
Segundo a certidão de óbito
de Correia, ela morreu de parada cardiorrespiratória provocada por choque elétrico. A Folha apurou com especialistas
que a voltagem que a matou pode ter alcançado até 13,2 mil
volts -os imóveis têm voltagem entre 115 volts e 230 volts.
A dona-de-casa, hipertensa,
foi encontrada caída pela vizinha Lilian de Assis Belchior,
20. "Ela estava com a mão e o
peito queimados por causa do
bocal do telefone que caiu sobre seu peito", disse. A vítima
chegou morta ao hospital.
A família da idosa disse que
irá pedir indenização à Eletropaulo. "O telefone ficou queimado e derretido", disse o comerciante Valmir Jesus de Lima Correia, 37, filho da vítima.
A dona-de-casa Querida Rodrigues, 65, vizinha da aposentada, também queimou os dedos ao pegar no telefone. "Caí
com o choque e, agora, tenho
medo de atendê-lo. Por isso o
guardei numa caixa."
O prefeito João Koga (PFL)
responsabilizou a Eletropaulo.
Segundo ele, relato de moradores e fotos comprovam que o
cabo elétrico rompido encostou no fio de telefonia.
"O fio elétrico que caiu, em
vez de se desligar automaticamente, tocou no do telefone e
provocou um curto-circuito. O
cabo da telefonia então conduziu eletricidade aos aparelhos
de telefone, que não paravam
de tocar", afirmou Koga.
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