São Paulo, terça-feira, 09 de janeiro de 2007

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Idosa é eletrocutada ao atender telefone

Acidente ocorreu na Grande SP, após rompimento de cabo de energia elétrica; outras cinco pessoas disseram ter levado choque

Eletropaulo e Telefônica dizem que "não havia registro de evento onde cabos telefônicos atuassem como condutores de energia"


KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma descarga elétrica matou a aposentada Maria da Rosa de Lima Correia, 61, segundos após ela atender ao telefone na sua casa em São Lourenço da Serra (56 km de São Paulo). O acidente, que ainda está sendo investigado, ocorreu na última quarta-feira -quando ocorreu o rompimento de um cabo de energia elétrica na cidade.
Pelo menos mais cinco pessoas do mesmo bairro -Paiol do Meio- sofreram choques e queimaduras ao segurar o aparelho telefônico no mesmo dia.
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar a responsabilidade da Eletropaulo e da Telefônica no caso. O delegado Luís Cláudio Novaes de Siqueira investiga se a morte da aposentada foi mesmo provocada pelo rompimento do cabo da energia que encostou no da telefonia, conduzindo eletricidade até os aparelhos telefônicos.
A assessoria da Eletropaulo confirmou ter havido o rompimento e condução de eletricidade no fio da Telefônica -fato "inédito". Em nota conjunta, as duas empresas informaram que "até então não havia registro de evento onde cabos telefônicos atuassem como condutores de energia". Especialistas ouvidos pela Folha afirmam que o acidente é "raro".
Eletropaulo e Telefônica disseram ainda que às 17h37 do dia 3, devido às fortes chuvas, galhos de árvores caíram e romperam um cabo de transmissão de energia no km 311,5 da rodovia Régis Bittencourt.
"Pode ter ocorrido uma falha ou na rede da Eletropaulo ou na rede de outras empresas que ocupam o poste, mas nada é conclusivo", afirmou Carlos Prestes, gerente de segurança da Eletropaulo, em entrevista ao "SPTV", da Rede Globo.
"Foi uma sinfonia macabra de telefones tocando sem parar e gente correndo para atender e levando choque", relatou o frentista do posto Ipiranga Sidney de Castro, 29. Os telefones da cidade só voltaram a funcionar parcialmente ontem.
Segundo a certidão de óbito de Correia, ela morreu de parada cardiorrespiratória provocada por choque elétrico. A Folha apurou com especialistas que a voltagem que a matou pode ter alcançado até 13,2 mil volts -os imóveis têm voltagem entre 115 volts e 230 volts.
A dona-de-casa, hipertensa, foi encontrada caída pela vizinha Lilian de Assis Belchior, 20. "Ela estava com a mão e o peito queimados por causa do bocal do telefone que caiu sobre seu peito", disse. A vítima chegou morta ao hospital.
A família da idosa disse que irá pedir indenização à Eletropaulo. "O telefone ficou queimado e derretido", disse o comerciante Valmir Jesus de Lima Correia, 37, filho da vítima.
A dona-de-casa Querida Rodrigues, 65, vizinha da aposentada, também queimou os dedos ao pegar no telefone. "Caí com o choque e, agora, tenho medo de atendê-lo. Por isso o guardei numa caixa."
O prefeito João Koga (PFL) responsabilizou a Eletropaulo. Segundo ele, relato de moradores e fotos comprovam que o cabo elétrico rompido encostou no fio de telefonia.
"O fio elétrico que caiu, em vez de se desligar automaticamente, tocou no do telefone e provocou um curto-circuito. O cabo da telefonia então conduziu eletricidade aos aparelhos de telefone, que não paravam de tocar", afirmou Koga.


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