São Paulo, quarta-feira, 09 de janeiro de 2008

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Polícia recupera as telas furtadas do Masp

Dois homens foram presos, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo; museu deve reabrir na próxima sexta

As duas obras, de Pablo Picasso e de Candido Portinari, foram levadas no dia 20 de dezembro, após arrombamento do museu

DA REPORTAGEM LOCAL

A polícia paulista recuperou ontem os quadros de Pablo Picasso e Candido Portinari furtados do Masp (Museu de Arte de São Paulo) no dia 20 de dezembro. As duas obras, encontradas em uma casa na periferia de Ferraz de Vasconcelos (Grande SP), estavam intactas.
Dois homens foram presos. Eles tinham antecedentes por roubo e um deles era foragido do sistema prisional. A polícia acredita que o furto foi uma encomenda, mas ainda não conseguiu identificar o comprador.
"É obvio que os dois presos não furtaram para eles mesmos. É uma encomenda ou para chegar a algum ponto. O principal agora é saber quem encomendou e para onde os quadros iam", afirmou o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício José Lemos Freire.
As obras foram levadas por três homens, que usaram um macaco hidráulico e um pé-de-cabra para arrombar a entrada do Masp. O crime demorou cerca de três minutos.
Logo após o crime, a polícia afirmou que os quadros tinham sido furtados por uma quadrilha internacional e que o destino seria o Exterior, mas especialistas disseram que o furto teria sido feito por amadores, que não conseguiriam vender obras tão raras.
Ontem, as duas pinturas foram mostradas no Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado), em uma apresentação que reuniu a cúpula da polícia e da Secretaria da Segurança Pública. As pinturas foram expostas ao lado de policiais com fuzis.
Os quadros serão entregues hoje ao museu. Às 11h, será feita uma cerimônia. "Eu gostaria de convidar o secretário (Ronaldo Marzagão, da Segurança) e os policiais para irem ao museu fazer a entrega. Queremos fazer uma homenagem a vocês", disse Julio Neves, presidente do Masp.
A ação que terminou na recuperação das obras começou no dia 27 de dezembro, quando Francisco Laerton Lopes de Lima, 33, foi preso. Foi a partir de informações fornecidas por ele que policiais do Deic prenderam ontem à tarde, na cidade de São Paulo, Robson de Jesus Jordão, 32.
As pinturas foram encontradas no começo da noite de ontem em uma casa, vazia, na periferia de Ferraz de Vasconcelos. As pinturas estavam protegidas por uma capa.
Segundo a polícia, Lima participou do furto e das tentativas anteriores, de roubo e de furto, ao museu. O preso admite a participação na tentativa de roubo, mas nega o furto.
A princípio, segundo a polícia, está descartado o envolvimento de funcionários do Masp no furto dos quadros.
Foram furtadas as telas "O Lavrador de Café" (da década de 30, óleo sobre tela, 100 x 81 cm), do pintor brasileiro Candido Portinari (1903-1962), e o "Retrato de Suzanne Bloch" (1904, óleo sobre tela, 65 x 54 cm), do artista espanhol Picasso (1881-1973).
O museu, cujo acervo é avaliado em mais de US$ 1 bilhão e inclui obras de Claude Monet e Vincent Van Gogh, não possuía alarme nem sensores em suas obras. A segurança era feita por quatro vigias desarmados.
Depois do crime, veio à tona a fragilidade da segurança do local. O museu deve reabrir nesta sexta-feira. Mas, segundo o presidente do museu, parte do novo equipamento de segurança, que é importado, ainda não foi entregue.


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