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Sob Cabral, nº de mortos pela polícia do Rio bate recorde
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
No primeiro ano da gestão do
governador Sérgio Cabral Filho
(PMDB), o número de mortos
pela polícia do Rio de Janeiro
atingiu a maior marca já registrada desde o início da contabilização oficial de mortes em
confronto (os chamados autos
de resistência) em 1998.
Segundo dados do ISP (Instituto de Segurança Pública)
-órgão do governo estadual-
divulgados ontem, foram ao
menos 1.260 autos de resistência (rubrica na qual se contabilizam os mortos em supostos
confrontos com a polícia). Os
registros, no entanto, são subestimados: os dados dos últimos quatro meses do ano são
parciais, pois excluem as delegacias não-informatizadas
(31,5% do total).
Analisando os dados disponíveis do ano passado com os de
2006 (com todas as delegacias),
o aumento foi de 18,5%. Levantamento feito pelo Cesec (Centro de Estudos de Segurança e
Cidadania) comparando apenas os registros das 89 delegacias informatizadas indica um
aumento de 31% no número de
mortos em confronto.
O número parcial deste ano
supera o antigo recorde de
1.195 mortos pela polícia em
2003 -primeiro ano do governo Rosinha Matheus (PMDB).
O menor índice deste tipo foi
registrado em 1999 (primeiro
ano do governo Anthony Garotinho, PMDB), quando 289
pessoas foram mortas em supostos confrontos.
A Secretaria de Segurança
afirmou que o secretário José
Mariano Beltrame não falaria
sobre os índices pois estava em
inauguração do anexo feminino do Presídio Tinoco da Fonseca, em Campos dos Goytacazes, Norte Fluminense. A assessoria de Cabral informou
que ele não comentaria os números pelo mesmo motivo.
Desde o início do governo,
Beltrame afirma que a polícia
tem sido "mais ativa do que reativa", o que justificaria o aumento do número de mortos
em supostos confrontos.
"A solução para o Rio não é
boa. É um remédio amargo",
afirmou Beltrame após a megaoperação realizada no dia 27
de junho em que 19 pessoas foram mortas, símbolo da chamada "política de confronto"
feita pelo governo Cabral.
Em novembro, laudo feito
pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos afirmou que
"foram encontradas evidências
de morte por execução sumária
e arbitrária" em 2 das 19 mortes. A secretaria nega.
Houve queda nas apreensões
de armas e drogas. Apesar de os
números dos últimos quatro
meses serem parciais, a comparação dos índices completos
(até agosto) indica queda de,
respectivamente, 26,2% e
15,2%.
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