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380 turistas passam mal em cruzeiro do Rio ao Nordeste
Após ficar um dia preso em Salvador, navio foi inspecionado pela Anvisa e liberado para voltar ao Rio na tarde de ontem
Passageiros apresentaram vômito, diarreia e sintomas de intoxicação alimentar no percurso entre Recife e Salvador, segundo a Anvisa
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
Pelo menos 380 pessoas que
embarcaram no navio MSC
Sinfonia para um cruzeiro de
sete dias passando pelo Nordeste do país apresentaram vômito, diarreia e sintomas de intoxicação alimentar no percurso entre Recife e Salvador, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Há 2.050 pessoas a bordo, incluindo a tripulação. Em seu site, a empresa apresenta preços
diferenciados, mas os pacotes
chegam a custar até US$ 2.520
(cerca de R$ 5.800).
A MSC Cruzeiros informou
que só 38 pessoas foram atendidas, um número "normal e
rotineiro" (leia ao lado).
Na manhã de ontem, médicos e agentes da Anvisa fizeram
uma inspeção em todas as dependências do navio. Segundo
eles, houve irregularidades no
armazenamento de alimentos e
na quantidade de cloro colocada na água usada na fabricação
de gelo e também no preparo
dos alimentos.
O navio, que deixou o Rio de
Janeiro no dia 2, deveria ter retornado anteontem para a cidade, mas a Anvisa só autorizou
ontem à tarde a saída de Salvador. Segundo o órgão, a situação já foi controlada.
Os fiscais, no entanto, exigiram que o navio colocasse à disposição de todos os passageiros
e tripulantes água mineral e
oferecesse uma dieta à base de
frutas e legumes até o desembarque. A embarcação deixou a
capital baiana por volta das 19h
(horário de Brasília) e deve chegar amanhã, às 9h, ao Rio.
Ontem à tarde foram recolhidas amostras de água e de alimentos servidos aos passageiros, mas os resultados dos exames serão divulgados apenas
na semana que vem.
Antes de ancorar em Salvador, o cruzeiro passou por Maceió e Recife. A Secretaria da
Saúde da Bahia diz que os técnicos da Anvisa foram chamados depois que um funcionário
da secretaria, que fazia o cruzeiro, percebeu uma movimentação "anormal" de pessoas
procurando o posto médico da
embarcação.
A professora Maria Lopes,
53, que viaja no navio, disse ontem que o clima entre os passageiros é de desconforto e decepção. Disse que alguns passageiros decidiram abandonar o
passeio e pagar uma passagem
aérea para voltar para casa e
que outros planejam acionar na
Justiça a empresa.
"Eu não tive tantos prejuízos,
mas minha colega perdeu um
dia inteiro. Provavelmente ela
vai entrar na Justiça. Tem gente que passou dois dias sem
conseguir sair da cabine, porque não tinha condições", afirmou ela.
Lopes viaja em um grupo de
dez pessoas, dos quais seis afirmaram ter sentido os sintomas
de infecção alimentar, como
vômitos e diarreia.
A também professora Dejenane Peres, 38, disse que a alimentação no navio é farta e variada e que, por isso, acredita
que a água pode ter sido a causa
dos problemas.
Segundo ela, uma garrafa
com 500 ml é vendida por US$
4,60 (cerca de R$ 10,50), o que
fez os passageiros preferirem
beber a água de um bebedouro.
As professoras disseram que
pretendem manter o passeio.
"Vou continuar. Acho que está
tudo sob controle e não vejo a
necessidade de ter uma despesa extra com passagem de
avião. Mas, se eu sentir os sintomas de novo, com certeza
saio na hora", disse Lopes.
Houve ainda outros problemas na embarcação. Na segunda, uma cadeirante de 32 anos
morreu no navio. Segundo a
Anvisa, no entanto, não há nenhuma relação entre a contaminação e a morte. A polícia diz
que a cadeirante viajava com os
pais e uma enfermeira e se
queixou de dores na madrugada de domingo, poucas horas
antes de morrer. Ela tinha distrofia muscular degenerativa.
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