São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2009

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380 turistas passam mal em cruzeiro do Rio ao Nordeste

Após ficar um dia preso em Salvador, navio foi inspecionado pela Anvisa e liberado para voltar ao Rio na tarde de ontem

Passageiros apresentaram vômito, diarreia e sintomas de intoxicação alimentar no percurso entre Recife e Salvador, segundo a Anvisa

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

Pelo menos 380 pessoas que embarcaram no navio MSC Sinfonia para um cruzeiro de sete dias passando pelo Nordeste do país apresentaram vômito, diarreia e sintomas de intoxicação alimentar no percurso entre Recife e Salvador, segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Há 2.050 pessoas a bordo, incluindo a tripulação. Em seu site, a empresa apresenta preços diferenciados, mas os pacotes chegam a custar até US$ 2.520 (cerca de R$ 5.800).
A MSC Cruzeiros informou que só 38 pessoas foram atendidas, um número "normal e rotineiro" (leia ao lado).
Na manhã de ontem, médicos e agentes da Anvisa fizeram uma inspeção em todas as dependências do navio. Segundo eles, houve irregularidades no armazenamento de alimentos e na quantidade de cloro colocada na água usada na fabricação de gelo e também no preparo dos alimentos.
O navio, que deixou o Rio de Janeiro no dia 2, deveria ter retornado anteontem para a cidade, mas a Anvisa só autorizou ontem à tarde a saída de Salvador. Segundo o órgão, a situação já foi controlada.
Os fiscais, no entanto, exigiram que o navio colocasse à disposição de todos os passageiros e tripulantes água mineral e oferecesse uma dieta à base de frutas e legumes até o desembarque. A embarcação deixou a capital baiana por volta das 19h (horário de Brasília) e deve chegar amanhã, às 9h, ao Rio.
Ontem à tarde foram recolhidas amostras de água e de alimentos servidos aos passageiros, mas os resultados dos exames serão divulgados apenas na semana que vem.
Antes de ancorar em Salvador, o cruzeiro passou por Maceió e Recife. A Secretaria da Saúde da Bahia diz que os técnicos da Anvisa foram chamados depois que um funcionário da secretaria, que fazia o cruzeiro, percebeu uma movimentação "anormal" de pessoas procurando o posto médico da embarcação.
A professora Maria Lopes, 53, que viaja no navio, disse ontem que o clima entre os passageiros é de desconforto e decepção. Disse que alguns passageiros decidiram abandonar o passeio e pagar uma passagem aérea para voltar para casa e que outros planejam acionar na Justiça a empresa.
"Eu não tive tantos prejuízos, mas minha colega perdeu um dia inteiro. Provavelmente ela vai entrar na Justiça. Tem gente que passou dois dias sem conseguir sair da cabine, porque não tinha condições", afirmou ela.
Lopes viaja em um grupo de dez pessoas, dos quais seis afirmaram ter sentido os sintomas de infecção alimentar, como vômitos e diarreia.
A também professora Dejenane Peres, 38, disse que a alimentação no navio é farta e variada e que, por isso, acredita que a água pode ter sido a causa dos problemas.
Segundo ela, uma garrafa com 500 ml é vendida por US$ 4,60 (cerca de R$ 10,50), o que fez os passageiros preferirem beber a água de um bebedouro.
As professoras disseram que pretendem manter o passeio. "Vou continuar. Acho que está tudo sob controle e não vejo a necessidade de ter uma despesa extra com passagem de avião. Mas, se eu sentir os sintomas de novo, com certeza saio na hora", disse Lopes.
Houve ainda outros problemas na embarcação. Na segunda, uma cadeirante de 32 anos morreu no navio. Segundo a Anvisa, no entanto, não há nenhuma relação entre a contaminação e a morte. A polícia diz que a cadeirante viajava com os pais e uma enfermeira e se queixou de dores na madrugada de domingo, poucas horas antes de morrer. Ela tinha distrofia muscular degenerativa.


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