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Vigia mata aluno de 12 anos por acidente
Vigilante, que não poderia estar armado, disparou durante confronto com jovem que havia invadido colégio em Petrolina
Garoto teve perfurações no tórax e no braço e morreu antes de chegar ao hospital; outros dois estudantes também ficaram feridos
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PETROLINA
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA
O primeiro dia de aula foi
marcado por uma tragédia em
uma escola particular de Petrolina (770 km de Recife), município no sertão pernambucano.
Um aluno morreu e dois ficaram feridos depois que um tiro
foi disparado durante confronto entre o vigia da instituição e
um adolescente que havia invadido o colégio. O funcionário
não poderia estar armado.
Na tarde de anteontem, um
jovem de 15 anos furtou uma
bicicleta e, ao fugir de pessoas
que o perseguiam, largou-a e
pulou o muro de um grêmio recreativo vizinho à escola. Depois, entrou nela pelo telhado.
Dentro do Colégio Encontro,
localizado no bairro Cohab
Quatro - Massangana, o adolescente e o vigia da escola, que estava armado, entraram em confronto e um tiro foi disparado.
O tiro ricocheteou em uma
parede de cerâmica e acertou
três crianças que estavam no
pátio. Kairon Emanoel Diniz e
Silva, 12, sofreu duas perfurações no tórax e no braço e morreu antes de chegar ao hospital.
Augusto de Almeida Lopes,
14, foi atingido de raspão no
peito e passa bem. Douglas Rodrigues da Silva, 10, teve estilhaços do tiro alojados no fígado e foi hospitalizado. Ele foi
submetido a uma cirurgia e não
corre risco de morrer.
O vigia da escola, Franciraldo
Oliveira da Silva, 38, foi preso e
vai responder por porte ilegal
de arma e homicídio culposo
(sem intenção de matar).
O jovem, que também estava
recolhido na Delegacia Regional de Petrolina, já havia sido
detido, em junho, após roubar
uma bicicleta. Em dezembro,
foi liberado pela Justiça sob a
condição de prestar serviços à
comunidade por quatro meses.
Preso em uma cela na delegacia, na frente do adolescente,
que estava sozinho, o vigia disse
que pegou a arma, pertencente
à escola, pensando em "proteger as crianças pequenas" do
garoto. Ele mostrou à reportagem uma ferida no supercílio e
a marca de uma mordida na
mão direita, que, segundo ele,
foi dada pelo adolescente.
O jovem afirmou que não
agrediu o vigia e que só "segurou nele quando viu que ele engatilhou a arma".
O diretor da escola Joildo
Oliveira também foi detido sob
suspeita de possuir outra arma
no estabelecimento, mas foi liberado após prestar depoimento. De acordo com o delegado
Moary Drumond Pimenta, chamou a atenção o fato de apenas
um tiro ter ferido três pessoas.
O enterro de Kairon aconteceu ontem em Cabrobó (535
km de Recife), onde mora a
mãe dele, uma comerciante.
Conforme amigos da família,
ele era esforçado e inteligente e
havia pedido para morar com o
pai, que é militar em Petrolina,
para poder estudar em melhores escolas. Para atender o pedido, a avó paterna, que também vivia em Cabrobó, mudou-se com ele para a casa do filho
no início do ano.
As aulas estão suspensas por
tempo indeterminado.
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