São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Vigia mata aluno de 12 anos por acidente

Vigilante, que não poderia estar armado, disparou durante confronto com jovem que havia invadido colégio em Petrolina

Garoto teve perfurações no tórax e no braço e morreu antes de chegar ao hospital; outros dois estudantes também ficaram feridos

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PETROLINA

RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

O primeiro dia de aula foi marcado por uma tragédia em uma escola particular de Petrolina (770 km de Recife), município no sertão pernambucano. Um aluno morreu e dois ficaram feridos depois que um tiro foi disparado durante confronto entre o vigia da instituição e um adolescente que havia invadido o colégio. O funcionário não poderia estar armado.
Na tarde de anteontem, um jovem de 15 anos furtou uma bicicleta e, ao fugir de pessoas que o perseguiam, largou-a e pulou o muro de um grêmio recreativo vizinho à escola. Depois, entrou nela pelo telhado.
Dentro do Colégio Encontro, localizado no bairro Cohab Quatro - Massangana, o adolescente e o vigia da escola, que estava armado, entraram em confronto e um tiro foi disparado.
O tiro ricocheteou em uma parede de cerâmica e acertou três crianças que estavam no pátio. Kairon Emanoel Diniz e Silva, 12, sofreu duas perfurações no tórax e no braço e morreu antes de chegar ao hospital.
Augusto de Almeida Lopes, 14, foi atingido de raspão no peito e passa bem. Douglas Rodrigues da Silva, 10, teve estilhaços do tiro alojados no fígado e foi hospitalizado. Ele foi submetido a uma cirurgia e não corre risco de morrer.
O vigia da escola, Franciraldo Oliveira da Silva, 38, foi preso e vai responder por porte ilegal de arma e homicídio culposo (sem intenção de matar).
O jovem, que também estava recolhido na Delegacia Regional de Petrolina, já havia sido detido, em junho, após roubar uma bicicleta. Em dezembro, foi liberado pela Justiça sob a condição de prestar serviços à comunidade por quatro meses.
Preso em uma cela na delegacia, na frente do adolescente, que estava sozinho, o vigia disse que pegou a arma, pertencente à escola, pensando em "proteger as crianças pequenas" do garoto. Ele mostrou à reportagem uma ferida no supercílio e a marca de uma mordida na mão direita, que, segundo ele, foi dada pelo adolescente.
O jovem afirmou que não agrediu o vigia e que só "segurou nele quando viu que ele engatilhou a arma".
O diretor da escola Joildo Oliveira também foi detido sob suspeita de possuir outra arma no estabelecimento, mas foi liberado após prestar depoimento. De acordo com o delegado Moary Drumond Pimenta, chamou a atenção o fato de apenas um tiro ter ferido três pessoas.
O enterro de Kairon aconteceu ontem em Cabrobó (535 km de Recife), onde mora a mãe dele, uma comerciante.
Conforme amigos da família, ele era esforçado e inteligente e havia pedido para morar com o pai, que é militar em Petrolina, para poder estudar em melhores escolas. Para atender o pedido, a avó paterna, que também vivia em Cabrobó, mudou-se com ele para a casa do filho no início do ano.
As aulas estão suspensas por tempo indeterminado.


Texto Anterior: Vestibular: Juiz impõe limite de renda para cotas no RS
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.