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Criança morre durante operação da PM no Rio
ITALO NOGUEIRA
MALU TOLEDO
DA SUCURSAL DO RIO
Além da menina Yorrane
Abas Tavares Ferreira, 11, morta anteontem durante operação policial na Vila Cruzeiro, na
zona norte do Rio, outra criança foi atingida por bala perdida
no confronto da Polícia Militar
com traficantes.
Karina Araújo Medeiros Silva, 8, foi ferida por fragmentos
de bala na perna esquerda
quando brincava em uma praça
da favela. Ela foi atendida no
hospital e liberada. Ao todo,
quatro pessoas ficaram feridas.
A polícia afirmou que vai investigar a origem da bala que
matou Yorrane. Mas a delegada
substituta da 22ª DP (Penha),
Valéria de Castro, afirmou que
"infelizmente a investigação
começa capenga".
"O projétil que atingiu a menina não ficou no corpo, então
não é possível o confronto balístico. Dependemos de testemunhas, mas com isso não é
possível ter certeza sobre a origem da bala. Vamos chamar os
policiais, familiares e possíveis
testemunhas para ver se é possível descobrir [a origem da bala]", afirmou.
Ela diz que não apreendeu as
armas usadas pelos policiais na
operação porque o "confronto
balístico é impossível". A PM
também informou que vai abrir
uma sindicância interna para
apurar as circunstâncias em
que a menina foi atingida.
Yorrane foi enterrada ontem
no cemitério de Jacarepaguá
(zona oeste). Mais de dez policiais com fuzis e metralhadoras
foram ao sepultamento para
supostamente tentar prender
traficantes. Eles teriam recebido uma denúncia anônima de
que havia criminosos entre os
familiares e amigos da vítima.
Três ônibus foram usados
para levar os amigos de Yorrane até o cemitério. Muitas
crianças compareceram. Segundo amigos da família, a menina não morava na Vila Cruzeiro, mas na Cidade de Deus
(zona oeste). "Ela sempre morou na Cidade de Deus. Até levei um susto quando ouvi o nome dela na televisão", diz uma
mulher que não se identificou.
Segundo o comandante do
16º Batalhão da PM (Olaria), tenente-coronel Marcus Jardim,
responsável pela operação na
Vila Cruzeiro, Yorrane é filha
do traficante Jorge Ferreira, o
Gin, da Cidade de Deus. De
acordo com a polícia, ele estava
escondido na favela fugindo das
operações realizadas na semana passada em sua favela de origem. Gin é, segundo investigações da Polícia Civil, gerente do
tráfico de drogas da região conhecida como Quadra 15 da Cidade de Deus. Há contra ele
mandados de prisão por tráfico
e homicídio.
"Lamento muito a morte
desta criança, como ser humano e como comandante de batalhão, seja ela filha de quem
for. Temos informações de que
ele foi para a Vila Cruzeiro com
toda a família", disse Jardim.
Operação
Doze PMs iniciaram a incursão na Vila Cruzeiro por volta
das 21h de anteontem para, segundo Jardim, "verificar uma
denúncia anônima" sobre uma
reunião de 20 traficantes em
uma casa na região.
Segundo a polícia, o Caveirão
(blindado da polícia) foi recebido a tiros logo na entrada da favela. Não houve prisões.
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