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GUERRILHA URBANA
Polícia não crê na veracidade das ligações, mas reforçou a segurança e registrou o caso no 56º DP
Traficantes ameaçam bombeiros
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local
Os bombeiros que trabalham
no complexo Heliópolis, o maior
aglomerado de favelas de São
Paulo, estão sob proteção da Polícia Militar por causa de ameaças
atribuídas aos grupos de traficantes que disputam o controle dos
pontos de droga locais.
Os primeiros telefonemas começaram no final do mês passado, depois que o Corpo de Bombeiros ajudou a socorrer 11 vítimas da maior chacina registrada
no complexo este ano -cinco
pessoas morreram e seis ficaram
feridas em tiroteio nas favelas
Sem Terra e Paraguai.
""A ameaça não foi direta, mas
falaram que nós "iríamos ver" pelo
fato de termos socorrido os feridos", disse o capitão Rogério Bernardes Duarte, 35, comandante
do Corpo de Bombeiros na região
da Vila Prudente (zona sudeste).
O 1º Grupamento de Salvamento, onde trabalham cerca de 50
homens, fica a menos de 500 metros do local da chacina.
Desde dezembro, 26 pessoas
morreram em confrontos entre
dois grupos de traficantes rivais
-um que domina Heliópolis e
outro que gerencia o tráfico nas
favelas Sem Terra e Paraguai.
O último contato com o autor
das ameaças ocorreu na madrugada de segunda-feira, mas não
pelo telefone e sim pelo próprio
sistema de rádio dos bombeiros.
O autor da ligação, passando-se
por operador de rádio dos bombeiros, mandou que um veículo
de resgate fosse até a altura do número 1.800 da avenida Luís Inácio
de Anhaia Melo, no meio da favela da Vila Prudente, para atender
um acidente de trânsito.
O veículo de resgate não chegou
a ser enviado porque o verdadeiro
operador de rádio da central dos
bombeiros ouviu a mensagem e
alertou a equipe que estava na Vila Prudente. Ele também reconheceu a voz como sendo a mesma dos telefonemas de ameaçadores do último dia 25.
A informação sobre o acidente
era falsa. ""Não acredito que houvesse uma cilada", disse o capitão.
Mesmo assim, o Corpo de Bombeiros registrou o caso no 56º DP.
""Como medida de segurança, o
policiamento da área está nos
apoiando", afirmou Duarte.
Situação
O mesmo equipamento que
permitiu ao autor do trote entrar
na frequência dos bombeiros
-um radiotransmissor- também serve para captar os canais
das Polícias Militar e Civil.
Segundo o delegado Ricardo
Stanev, do 56º DP, será difícil descobrir a origem da transmissão de
rádio clandestina.
A polícia, por enquanto, não reconhece a veracidade das ameaças relatadas pelos moradores.
Mesmo assim, deslocou para o
caso equipes especializadas, como do DHPP (Departamento de
Homicídios e Proteção à Pessoa) e
do Denarc (Departamento de Investigações Sobre Narcóticos).
A PM aumentou o efetivo na região, mas reconhece que não é capaz de manter o esquema durante
as 24 horas do dia.
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