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CLIMA
Quatro pessoas morreram desde o último final de semana, entre elas um menino que foi arrastado para dentro de um bueiro
No Ceará, chuva deixa 60 mil desalojados
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Cerca de 60 mil pessoas que vivem na periferia de Fortaleza tiveram suas casas alagadas por causa
das chuvas no último final de semana. Quatro morreram.
Ontem, sem chuva, mas ainda
com ruas alagadas, os desabrigados foram levados pela Defesa Civil para prédios públicos, entre
eles o estádio de futebol Castelão.
Entre os mortos, um garoto de
seis anos, que foi arrastado para
dentro de um bueiro anteontem à
tarde, quando brincava. O corpo
dele só foi encontrado ontem.
Segundo a Secretaria de Recursos Hídricos, a enchente foi agravada pela maré alta, que dificulta
a saída das águas pelo mar. Além
disso, três açudes da região metropolitana de Fortaleza transbordaram, aumentando o volume de
água nas áreas alagadas. Um trecho da BR-116, na saída de Fortaleza, ficou alagado durante todo o
domingo e só foi liberado para a
passagem de veículos ontem.
Em janeiro, outra tempestade já
havia deixado as áreas de risco da
cidade, onde vivem 60 mil pessoas, debaixo de água. Municípios
do interior também tiveram prejuízos por causa das enchentes.
O socorro às vítimas dos alagamentos de janeiro ainda não havia sido concluído.
Segundo o Estado, seriam necessários R$ 250 milhões para cobrir os prejuízos e socorrer as vítimas das enchentes. O governo federal, por outro lado, já anunciou
que poderá disponibilizar R$ 100
milhões para todo o Nordeste.
O prefeito de Fortaleza, Juraci
Magalhães (PMDB), disse que
não tem recursos para obras contra enchentes e culpou o governo
federal pela demora no repasse de
verbas à cidade. Apesar dos transtornos, nunca o Ceará conseguiu
armazenar tanta água, com um
acúmulo de 81% da capacidade
dos açudes, o que garante água
para os próximos três anos.
Pará
O número de desabrigados no
Pará por causa das chuvas chegou
a 27 mil, segundo a Defesa Civil.
Somente em Marabá (498 km de
Belém), 12.682 pessoas estão nessa situação. O rio Tocantins chegou a 13,43 m acima de seu nível
normal ontem e a tendência é que
as águas continuem a subir.
Em Sergipe, apesar de uma semana de estiagem, há 2.900 pessoas desabrigadas. Há 15 cidades
em situação de emergência e quatro em estado de calamidade pública. O rompimento de dois trechos da BR-163, no norte de Mato
Grosso, prejudicou cerca de 500
mil pessoas desde anteontem.
Segundo a Polícia Rodoviária
Federal, a interrupção do tráfego
chegou a provocar 20 km de congestionamento na rodovia.
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