São Paulo, terça-feira, 09 de março de 2004

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CLIMA

Quatro pessoas morreram desde o último final de semana, entre elas um menino que foi arrastado para dentro de um bueiro

No Ceará, chuva deixa 60 mil desalojados

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Cerca de 60 mil pessoas que vivem na periferia de Fortaleza tiveram suas casas alagadas por causa das chuvas no último final de semana. Quatro morreram.
Ontem, sem chuva, mas ainda com ruas alagadas, os desabrigados foram levados pela Defesa Civil para prédios públicos, entre eles o estádio de futebol Castelão.
Entre os mortos, um garoto de seis anos, que foi arrastado para dentro de um bueiro anteontem à tarde, quando brincava. O corpo dele só foi encontrado ontem.
Segundo a Secretaria de Recursos Hídricos, a enchente foi agravada pela maré alta, que dificulta a saída das águas pelo mar. Além disso, três açudes da região metropolitana de Fortaleza transbordaram, aumentando o volume de água nas áreas alagadas. Um trecho da BR-116, na saída de Fortaleza, ficou alagado durante todo o domingo e só foi liberado para a passagem de veículos ontem.
Em janeiro, outra tempestade já havia deixado as áreas de risco da cidade, onde vivem 60 mil pessoas, debaixo de água. Municípios do interior também tiveram prejuízos por causa das enchentes.
O socorro às vítimas dos alagamentos de janeiro ainda não havia sido concluído.
Segundo o Estado, seriam necessários R$ 250 milhões para cobrir os prejuízos e socorrer as vítimas das enchentes. O governo federal, por outro lado, já anunciou que poderá disponibilizar R$ 100 milhões para todo o Nordeste.
O prefeito de Fortaleza, Juraci Magalhães (PMDB), disse que não tem recursos para obras contra enchentes e culpou o governo federal pela demora no repasse de verbas à cidade. Apesar dos transtornos, nunca o Ceará conseguiu armazenar tanta água, com um acúmulo de 81% da capacidade dos açudes, o que garante água para os próximos três anos.

Pará
O número de desabrigados no Pará por causa das chuvas chegou a 27 mil, segundo a Defesa Civil. Somente em Marabá (498 km de Belém), 12.682 pessoas estão nessa situação. O rio Tocantins chegou a 13,43 m acima de seu nível normal ontem e a tendência é que as águas continuem a subir.
Em Sergipe, apesar de uma semana de estiagem, há 2.900 pessoas desabrigadas. Há 15 cidades em situação de emergência e quatro em estado de calamidade pública. O rompimento de dois trechos da BR-163, no norte de Mato Grosso, prejudicou cerca de 500 mil pessoas desde anteontem.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, a interrupção do tráfego chegou a provocar 20 km de congestionamento na rodovia.


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