São Paulo, sexta-feira, 09 de março de 2007

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Passagem de Bush fechou por 45 min a av. 23 de Maio

Todos os acessos à avenida no sentido centro-bairro foram interditados pelas equipes da CET a partir das 20h10

Passageiros de ônibus e motoristas reclamaram de transtornos, que ocorreram em todo o trajeto da comitiva norte-americana

DA REPORTAGEM LOCAL

A avenida 23 de Maio, um dos principais corredores de tráfego de São Paulo, ficou fechada ontem por 45 minutos para a passagem do presidente norte-americano, George W. Bush.
Às 20h10, os acessos à 23 de Maio foram fechados pelas equipes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) no sentido centro-bairro. O trânsito já estava excepcionalmente bom para o horário e local, um sinal de que o paulistano já previa o transtorno e preferiu evitar a região.
Nos primeiros cinco minutos, alguns carros remanescentes ainda passaram. Nos outros 40 minutos, as quatro faixas da avenida ficaram desertas. O movimento foi desviado para outras ruas e avenidas.
Passageiros de ônibus perceberam que não adiantava ficar no ponto e foram embora andando. Motoristas indignados reclamavam dos "privilégios" dos americanos.
Depois dos batedores, por volta das 20h45 a comitiva de Bush passou. Dezenas de veículos, entre motos, microônibus, caminhonetes e as esperadas duas limusines -uma com o presidente, outra só para despistar-, passaram a uma velocidade de cerca de 80 km/h.
Depois disso, a avenida ficou fechada por mais dez minutos. Um dos acessos chegou a ser liberado por alguns minutos antes do tempo previsto, mas voltou a ser fechado. Foi somente às 20h55, quando todos os acessos foram abertos, que a avenida voltou a ser o movimentado corredor paulistano.
O publicitário Carlos Augusto Guimarães ficou preso em um dos acessos à 23 de Maio, no Paraíso, e não conseguiu buscar a mulher no aeroporto de Congonhas. "Ela teve de pegar um táxi, um gasto desnecessário que ninguém vai me ressarcir", reclamou ele.
A estratégia usada na 23 de Maio foi a mesma no restante do trajeto da comitiva: fechamento de todos os acessos cerca de 40 minutos antes, abertura 10 minutos depois.
Do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos - onde o presidente norte-americano foi recepcionado na pista pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL)-, os carros pegaram a rodovia Presidente Dutra. Já em São Paulo, optaram pela avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé (zona leste), Radial Leste e ligação leste-oeste antes de entrar na 23 de Maio.
Na zona sul, a comitiva pegou as avenidas Moreira Guimarães, Washington Luiz e Jornalista Roberto Marinho.
Na chegada ao hotel Hilton, no Brooklin, as duas limusines e outros carros da comitiva entraram pela avenida Luiz Carlos Berrini e rua Arizona.
Apesar da "operação limpeza" feita pela prefeitura e pelas equipes de segurança, uma faixa com os dizeres "Bush, persona non grata" estava afixada em uma passarela no parque Dom Pedro, na região central, já no fim da Radial Leste.
Na Berrini interditada, a comitiva pegou um pequeno trecho na contramão, algo impensável em outro horário.
Além das ruas, o espaço aéreo no caminho do comboio de Bush também foi fechado. Até mesmo carros e pedestres foram impedidos de passar pela maioria das pontes, passarelas e viadutos que cruzavam o caminho do presidente dos EUA.
O esquema de segurança causou transtornos em todo o trajeto. Na Berrini, cerca de 20 carros ficaram presos na avenida e outros 40 em um estacionamento após a interdição. Tiveram de pegar um trecho em contramão, com o apoio de marronzinhos, para sair.

Maratona
Aulas perdidas e quase duas horas preso em congestionamentos causados pelas interdições ocorridas no trajeto da comitiva do presidente George W. Bush. Foi o saldo da maratona vivida ontem pelo estudante Cleinton Silva, 33, a caminho de Guarulhos, onde estuda.
Ele conta que primeiro enfrentou congestionamento na rodovia Dutra. Depois, fez um retorno na contramão e conseguiu acessar a rodovia Ayrton Senna. Mas ao entrar na rodovia Hélio Schmit, que dá acesso ao aeroporto de Cumbica, encontrou trânsito parado.
A saída foi entrar no acesso para a cidade de Monteiro Lobato. "Não faço a menor idéia de onde estou. Minhas aulas já dançaram. Depois desse estresse, já estou morto de cansado."
Para hoje, a coisa tende a ser ainda pior. Bush vai atravessar São Paulo três vezes, uma delas em pleno horário de pico, no final do dia.


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