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Plácido de Campos Júnior, um cineasta
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os barquinhos e aviõezinhos de madeira, esculpidos
com perícia e paciência, se
empilhavam pelos cantos da
casa do cineasta Plácido de
Campos Júnior. Feitos apenas com a mão esquerda, ajudavam-no a passar o tempo.
Plácido nasceu em Anápolis (GO) e veio para São Paulo
aos 12. "Foi fazer cinema por
acaso", diz a viúva, e entrou
na primeira turma de cinema
da USP. Lembrava sempre
das aulas do professor Roberto Santos, com quem
mais tarde fez o documentário "Vozes do Medo".
"Era uma época de experimentações, em São Paulo, de
um cinema mais racional."
Tempo em que fez "Victor
Brecheret", documentário
sobre a vida do escultor modernista brasileiro.
Mas um acidente de moto,
no fim dos anos 1970, fez
com que perdesse os movimentos do braço direito. Foi
quando começou a fazer os
barquinhos de madeira,
aproveitando a habilidade
para fazer maquetes, conquistada durante a faculdade
-ajudava seu irmão arquiteto e ganhava algum dinheiro.
Começou a lecionar na
FAAP e assumiu a programação cinematográfica do MIS
(Museu da Imagem e do
Som) -onde conheceu a mulher com quem casaria-, e
do Núcleo de Cinema e Vídeo
do Centro Cultural São Paulo. Tornou-se curador de filmes, já que não mais os fazia.
Plácido não reclamava, já
que "raramente um nome se
casa tão bem à natureza do
sujeito que o leva", como disse um amigo. Casado, tinha
duas filhas. Morreu na terça,
de câncer pulmonar, aos 63.
Fumou, até os últimos dias,
"horrores" de Marlboro.
obituario@folhasp.com.br
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