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Para Luciane, a filha Ana Vitória "é uma homenagem à vida"
DA REVISTA DA FOLHA
Luciane Conceição nasceu
com HIV. A mãe dela contraiu o
vírus no oitavo mês de gravidez, em uma transfusão de sangue. Logo após o parto, há 20
anos, a mãe de Luciane a deixou
na maternidade. Os primeiros
passos foram no Conjunto
Hospitalar de Sorocaba (100
km a oeste de SP) ao lado da infectologista e pediatra Rosana
Maria Paiva dos Anjos, professora da PUC, que cuidou do bebê e é sua médica até hoje.
O aprendizado era interrompido pelas doenças em decorrência da Aids. Um casal -Edgard Conceição, 58, e Arlinda-
soube da história de Luciane e
adotou o bebê de dois anos.
Luciane foi a primeira criança no Brasil a usar o coquetel
antiretroviral. A menina, então
com nove anos, virou símbolo
da luta contra a doença. A tarde
de 15 de janeiro último foi outro momento marcante: a estréia de Luciane como mãe.
"Quando os exames comprovaram que estava grávida entrei em desespero. Meu marido, Daniel, estava feliz. Peguei
logo o teste dele. HIV Negativo.
Um alívio, ele não foi infectado.
Brigamos quando a gente transou sem camisinha. Ele sempre
soube que tenho o vírus.
Nos últimos anos, ele queria
muito ser pai. Claro que eu
também, no fundo, queria ter
um filho. Só que tinha medo de
contaminar o bebê, pois fui
contaminada no nascimento.
Minha irmã Andréia sempre
me incentivou. Mas muita gente me desencorajou a ser mãe.
Inclusive, médicos, amigos e familiares, com receio de que eu
morresse no parto. Outros por
preconceito mesmo -nem tanto entre os mais simples, só que
ele é bem forte na classe média.
Não tive problemas durante
a gravidez. Minha filha nasceu
de cesariana. Fiquei feliz como
nunca havia ficado na hora em
que vi e senti aquela criaturinha perfeita, chorando, grudada ao meu corpo. Na hora, falei
para meu marido: "Ela vai se
chamar Vitória, em homenagem à vida. Ana Vitória".
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