DA "REVISTA DA FOLHA"

Cerca de 5.000 pessoas, segundo a organização do evento, compareceram, ontem, a uma passeata realizada em São Paulo em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. O ato reivindicou a legalização do aborto, tema em destaque na semana passada por conta da excomunhão, pelo arcebispo de Olinda e Recife, da mãe e dos médicos que fizeram o aborto em uma menina de nove anos, grávida após sofrer abuso sexual do padrasto.
A marcha começou na praça Oswaldo Cruz, no Paraíso, desceu pela avenida Brigadeiro Luís Antônio e seguiu até o obelisco em frente ao parque Ibirapuera. A Polícia Militar não tem estimativa do número de participantes.
A caminhada, que durou cerca de duas horas, contou com a "batucada", que puxava versos como "eu não sou miss, nem avião, minha beleza não tem padrão" e "nossa luta é todo o dia; somos mulher, não mercadoria", em crítica contra a mercantilização do corpo feminino.
A militante Analu Faria, uma das organizadoras da marcha, defendeu a discussão sobre o aborto. "Os acontecimentos da última semana mostraram que a questão, que já estava em nossa agenda, é um assunto que precisa mesmo ser discutido. Acertamos na conjuntura", diz.
Em tempos de incertezas econômicas, a marcha pregou que "as mulheres não vão pagar por essa crise" com cartazes que defenderam o respeito aos direitos trabalhistas e a manutenção de salários e de vagas com CLT.


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