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Em crise, França barra mais brasileiros
O consulado brasileiro na França e uma ONG que atua em Guarulhos perceberam o aumento dos inadmitidos este ano
"A sensação que se tem é de que há cotas [de brasileiros para barrar]. E não há perfil específico. Todos estão sujeitos", diz consulesa
DANIEL BERGAMASCO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio a ondas de demissão em massa, a França está deportando e barrando mais brasileiros em seus aeroportos.
A tendência é percebida nas
duas pontas da viagem Paris-São Paulo. Lá, a consulesa-geral
do Brasil, Maria Celina Rodrigues, viu a média de brasileiros
devolvidos crescer de "dois ou
três" por voo, no final do ano
passado, para "oito a dez, chegando a 16 ou 17" em 2009.
Aqui, uma ONG que há anos
recebe barrados no aeroporto e
deportados em um posto do
Aeroporto Internacional de
Guarulhos diz que brasileiros
enviados de volta da França
"não eram muitos" em 2008 e,
desde janeiro, são "grande parte" do contingente que atende.
Nos dois casos, não há dados
absolutos que revelem a proporção do aumento. Procurado, o Ministério de Imigração e
da Identidade Nacional da
França não deu informações.
Contudo, por ser visível, o
aumento de barrados preocupa
o consulado -que não contesta
recusas de brasileiros em respeito à soberania do país, que é
livre para aceitar quem quiser,
sem precisar de justificativas.
"Não é xenofobia. O Brasil é
um país prestigiado na França,
mas a tendência [de recusas] é
aumentar com a crise, e isso é
geral na Europa", diz ela. "A
sensação que se tem é de que há
cotas [de brasileiros para barrar]. E não há perfil específico.
Todos estão sujeitos".
Na quinta, um grupo de brasileiros voltou ao Brasil após
ser barrado. Os passageiros não
quiseram dar entrevistas.
No Posto de Atendimento
Humanizado a Deportados e
Inadmitidos no Aeroporto,
mantido pela ONG Asbrad (Associação Brasileira de Defesa
da Mulher, da Infância e da Juventude), em Guarulhos, fiscais
prestam assistência e orientam
quem se diz vítima de maus tratos e tráfico de pessoas.
A ONG recepciona apenas
parte dos voos. Entre os que
testemunhou, o maior número
de brasileiros devolvidos pela
França veio em 28 de janeiro
-foram 13, três deportados e
dez inadmitidos. Na quinta-feira, havia cinco brasileiros.
"A França não era um dos
países que mais aparecia, mas
passou a chamar a atenção no
início do ano", diz a presidente
Dalila Figueiredo.
Segundo a ONG, grande parte dos brasileiros devolvidos
são deportados que já haviam
conseguido entrar no país de
forma irregular ou estavam
além do tempo permitido (turistas não precisam de visto para a França em viagens de menos de três meses).
A hipótese de que medidas
anti-imigratórias tenham origem na crise econômica é reforçada por dados recentes da
economia francesa. O PIB (Produto Interno Bruto) do país
caiu 1,2% no quarto trimestre
de 2008, maior retração desde
o fim da Segunda Guerra Mundial. O desemprego teve o
maior avanço histórico em janeiro, com 90,2 mil demitidos,
chegando a 2,2 milhões pessoas
sem trabalho
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