São Paulo, terça-feira, 09 de março de 2010

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Barraquinha de camelô da Augusta vira "bar" após a 1h

Baladeiros recorrem a ambulantes assim que bares fecham em respeito à lei do silêncio

Além do barulho, vizinhos reclamam de brigas e da sujeira que se acumula na via; vendedores dizem que não fazem nada de errado

Rogério Lacanna/Folha Imagem
Na rua Augusta, barracas reúnem baladeiros que foram obrigados a deixar bares que fecham à 1h

VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Já é madrugada na rua Augusta e o patrulhamento da prefeitura, que, pelas leis do silêncio, obriga bares a fechar à 1h da manhã, não impede a rua Augusta de ser o que ela é.
Isopores de bebidas viram uma extensão dos balcões e, ao redor deles, jovens expulsos pelas portas fechadas dos botecos se reúnem na calçada para beber noite adentro.
"Não tem cabimento voltar para casa tão cedo no final de semana. Vou fazer o que amanhã? Passear na orla? O único lazer de quem mora em São Paulo é a noite, e estão querendo acabar com ela também. Se fecham o bar, vamos para a rua", diz o ator Pedro Vilaça.
Em parte, a erraticidade dos baladeiros é justificada pela falta de transporte público na madrugada. "Não tem ônibus nem metrô para voltar para casa, então temos de esperar até amanhecer", diz o publicitário Fernando Albuquerque.
Na vizinhança, as queixas são de barulho até as 5h da manhã, bagunça, brigas e sujeira na manhã seguinte. Como não têm alvará, os ambulantes não são alvo de fiscalização do Psiu, o Programa de Silêncio Urbano da prefeitura.

Ganha-pão
"Estamos cansados de pedir que eles saiam. Tem ambulante que vem até com botijão de gás. Fica uma sujeira, uma bagunça, os vizinhos não aguentam mais", diz a moradora e dona de casa Mara Palla.
"É o nosso ganha-pão, não estamos fazendo nada de errado. Também não posso impedir o pessoal de ficar conversando na calçada", diz a ambulante Maria José da Silva, isopor cheio de cerveja.
"Já houve brigas na rua. O barulho é muito grande, essa é a nossa principal queixa. Chamamos o Psiu e não deu em nada. Ligamos para a polícia e ela não vem, diz que não atende a esse tipo de ocorrência. A subprefeitura tem de mandar o "rapa" apreender o isopor", diz o auditor José Roberto Fernandes, síndico de outro prédio na rua.
A Secretaria da Segurança Urbana afirma que a Guarda Civil "faz um serviço de patrulhamento e prevenção para coibir o comércio irregular dos ambulantes". "Em três meses, foram apreendidos 2.529 produtos, só naquela via, que seriam comercializados na região", diz em nota.


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