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REDE DE CORRUPÇÃO
Para promotores, órgãos estão loteados politicamente e sob comando de vereadores já em investigação
4 secretarias de Pitta serão investigadas
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Reportagem Local
O Ministério
Público e a Polícia Civil abriram
ontem uma investigação para
apurar índicios
de corrupção
em pelo menos
quatro secretarias e uma autarquia
municipal de São Paulo.
Para os promotores, os órgãos
municipais estariam loteados politicamente e seriam comandados
pelos mesmos vereadores que já
estão sendo investigados no caso
da máfia das propinas. Os nomes
dos vereadores acusados de lotear
órgãos públicos foram mantidos
em sigilo pela promotoria.
Funcionários das secretarias da
Saúde, da Educação, da Habitação
e do Abastecimento e da Prodam
(Companhia de Processamento de
Dados do Município, uma autarquia) foram citados em denúncias
ou em representações escritas entregues aos promotores.
O delegado Itagiba Franco, da
Divisão de Proteção Comunitária,
será o responsável pelas investigações. "Há denúncias fortes de loteamento político de alguns órgãos
da prefeitura entre os vereadores.
Com isso, o esquema da máfia começa a ser ampliado", disse o promotor José Carlos Blat.
Segundo o Ministério Público, os
mesmos vereadores que comandam algumas regionais seriam responsáveis por módulos do PAS
(Plano de Atenção à Saúde) e delegacias de ensino.
Para o delegado Naief Saad Neto,
do Dird (Departamento de Identificação e Registros Diversos), há
provas de que a corrupção na Administração Regional da Penha,
comandada pelo vereador Vicente
Viscome (PPB), é generalizada.
Nas demais secretarias e na autarquia, a influência dos vereadores seria exercida por meio de funcionários. Na rede de ensino, por
exemplo, o Ministério Público tem
denúncias de desvio de verbas e
existência de funcionários fantasmas nas delegacias de ensino. A
verba desviada, segundo os promotores, chegaria aos vereadores.
Na Secretaria da Saúde, o alvo
são os módulos do PAS, loteados
entre os vereadores. Há denúncias
de desvios de verbas e também de
funcionários fantasmas colocados
pelos vereadores.
Contra a Semab (Secretaria Municipal do Abastecimento), que
fiscaliza as feiras, também há denúncias de superfaturamento e
funcionários fantasmas.
O setor de fiscalização da Secretaria da Habitação, segundo os
promotores, também será investigado. Há denúncias de que funcionários receberiam propina para
não multar obras irregulares e loteamentos clandestinos.
Funcionários da Prodam, do setor de informática, serão investigados sob denúncia de prevaricação.
Segundo o delegado da Divisão
de Capturas, Romeu Tuma Jr., a
máfia da propina chega aos cinco
órgão mencionados e, em alguns
casos envolve mais de um órgão simultaneamente. "Por exemplo, no
caso das feiras: para funcionar irregularmente, precisam pagar
propinas a fiscais da regional e da
Semab. No caso de loteamentos
clandestinos, pagam propina à regional e à Secretaria da Habitação", afirmou o delegado.
Outro lado
A assessoria de imprensa da Prefeitura Municipal de São Paulo informou que todas as denúncias envolvendo funcionários municipais
serão investigadas pela corregedoria provisória instituída ontem pelo prefeito Celso Pitta (PPB).
Ontem à noite foi preso temporariamente (por cinco dias) o chefe
dos fiscais da Regional de São Miguel, João Augusto da Rocha, sob
acusação de concussão (exigir dinheiro para deixar de cumprir função pública). Até as 20h, Rocha
prestava depoimento e a reportagem não teve acesso a sua versão
sobre as acusações.
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