São Paulo, Terça-feira, 09 de Março de 1999
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MEIO AMBIENTE
Segundo o fundo, apenas 0,4% do território é protegido
Brasil protege pouco a natureza, afirma WWF

da Sucursal de Brasília

O Brasil tem, na prática, 0,4% de seu território protegido por intermédio de unidades de conservação federais (parques nacionais, reservas biológicas e ecológicas e estações ecológicas). Esse percentual, segundo a WWF, está abaixo da média mundial (6%).
A WWF (sigla em inglês para Fundo Mundial para Natureza) pesquisou em abril do ano passado 86 unidades de conservação espalhadas pelo Brasil.
"O Brasil tem 10% da biodiversidade do mundo e protege pouco sua natureza", afirmou Garo Batmanian, diretor-executivo da WWF no Brasil.
Segundo ele, o país precisa criar novas áreas e cuidar melhor das que existem.
Oficialmente, se somada a área de todas as unidades de conservação, o percentual de território protegido é de 1,85%. A taxa cai para 0,4%, quando descontados os parques e reservas em condições precárias.
De acordo com o relatório da ONG (organização não-governamental), já entregue ao ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, 75% das reservas nacionais são vulneráveis e estão ameaçadas devido às falhas de implantação.
O estudo da WWF constatou que 47 unidades estão em situação de implantação precária, 32 encontram-se minimamente implementadas e sete estão em condições classificadas como razoáveis.
Sobre a vulnerabilidade à ação do homem, o trabalho da ONG relata que 37 das 86 unidades apresentam alto ou médio risco.
A WWF classificou 20 parques e reservas na categoria de risco extremo, resultado da combinação entre a vulnerabilidade e falhas de implantação. Estão nesse grupo, por exemplo, os parques nacionais da Chapada Diamantina (BA) e da Serra da Bocaina (SP).

Classificação
Dezessete unidades foram classificadas de alto risco, 27 de risco médio, e 22 têm risco normal. O Parque Nacional de Aparados da Serra (RS) e a Reserva Biológica Rio Trombetas (PA) ficaram nesse último grupo.
A WWF entregou um questionário à direção de cada um dos parques. A ausência de plano de manejo, número insuficiente de funcionários e equipamentos, falta de recursos e estrutura, ocupação intensa e atividade agrícola no entorno e exploração ilegal dos recursos naturais estão entre os problemas apresentados.
"Nunca houve a efetivação de um plano geral para a conservação. É necessário aprovar o projeto que está no Congresso há sete anos e que regulamenta a arrecadação das unidades e a ocupação no entorno, por exemplo", disse Garo Batmanian.
Ele defendeu a parceria entre o governo federal e entidades ambientalistas para controlar e fiscalizar as unidades.
Para Batmanian, nos 36 parques nacionais (próprios para o turismo), serviços como o de lanchonetes devem ser terceirizados. "Não é papel do governo ter hotel ou teleférico no parque."
"O objetivo do parque não é dar lucro, mas garantir que o meio ambiente não seja degradado", completou.


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