PAULO MOTA
da Agência Folha, em Fortaleza

O Ministério Público do Maranhão concluiu ontem o inquérito que apura a castração de três integrantes da seita Mundial, em São Luís, e denunciou o líder da seita, Donato Brandão, 28, como sendo o responsável pelo planejamento das mutilações.
As castrações ocorreram no dia 5 de fevereiro, num local conhecido como o "Monte das Revelações" e que fica próximo à sede da seita, na praia de Araçagy. I.R.J.C.B., 17, Rejânio de Jesus Morais, 21, e José Ribamar Cidreira, 23, foram castrados depois de serem supostamente assaltados por três homens. As três vítimas eram militantes da seita.
Apesar de Brandão negar, o inquérito concluiu que ele planejou o assalto e as castrações com Joaquim Nabuco da Cunha, Israel de Souza Silva e Rosa Helena de Jesus Silva, todos integrantes da seita. O plano surgiu depois que o adolescente passou cerca de 45 dias fora da sede da seita.
A tese defendida pelo Ministério Público é que Brandão ficou irritado pelo fato de o adolescente ter saído de casa para viver com uma mulher e resolveu puni-lo com a castração para livrá-lo definitivamente da "tentação do sexo feminino". Morais e Cidreira sabiam que iam ser castrados e participaram do suposto assalto para dar legitimidade à farsa.
O inquérito denuncia Brandão, que cumpre prisão temporária, pelos crimes de atentado violento ao pudor, lesão corporal de natureza grave, estelionato, redução de pessoas a regime de semi-escravidão, reconhecimento ilegal de paternidade, falsidade ideológica e falsificação de documentos. Cunha, Silva e Rosa, que é mãe do adolescente, foram denunciados como cúmplices de Brandão.
A promotora Martha Helena Ribeiro disse que o fato de Brandão já ter sido condenado por atentado violento ao pudor contra menores, em 1994, em São Paulo, deve agravar sua pena. O inquérito deve ser enviado à Justiça do Maranhão até a próxima sexta-feira.
A seita Mundial -iniciais de Moderna Unidade Normativa de Desenvolvimento da América Latina- congrega cerca de 40 pessoas e tem ramificações no Pará, Ceará e Rio Grande do Norte.
Fundada por Brandão há dois anos, a Mundial sobrevive financeiramente do trabalho de seus militantes.
Estudos de textos bíblicos e de escritos de Brandão faziam parte da rotina de seus integrantes.


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