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Brasil testa novo remédio anti-Aids
da Reportagem Local
Cinco centros de referência em
Aids de São Paulo e Rio de Janeiro
participarão dos estudos finais
com o ABT-378, um inibidor de
protease considerado de segunda
geração por ser mais potente. A
pesquisa envolverá 40 pacientes no
Brasil e outros 560 nos EUA, Canadá, Austrália e Europa.
O ABT-378 deve ser lançado
mundialmente até meados do próximo ano. Estudos em laboratório
mostraram que a droga chega a ser
dez vezes mais potente e tem menos efeitos colaterais que os inibidores de protease disponíveis.
Um estudo com pacientes norte-americanos divulgado em fevereiro na conferência de Aids de Chicago mostrou que 90% dos pacientes tiveram a carga viral indetectável depois de seis meses de uso do
ABT-378. Com os outros inibidores de protease, no mesmo período, o vírus fica indetectável no sangue em 70% dos pacientes.
Os inibidores -de protease e da
transcriptase reversa- atacam o
vírus HIV em diferentes momentos de seu crescimento e reprodução, dificultando a invasão e infecção de novas células. Os inibidores
compõem o chamado coquetel anti-Aids, terapia de dois a quatro
medicamentos adotada para doentes e portadores do HIV.
Os estudos da fase 3 (que é a última) começam no próximo mês.
Nesta fase, compara-se a eficácia
da nova droga com outra já em
uso. Os voluntários não devem
apresentar sintomas da doença e
serem virgens de tratamento.
Em maio próximo, o ABT-3 será
estudado como droga de "resgate".
Participarão da pesquisa doentes
que já estão apresentando resistência comprovada aos medicamentos disponíveis.
"Na fase seguinte, o ABT-378 será aberto a pacientes em estado
grave, dentro de um protocolo humanitário", diz Antonio Paulo de
Paiva Ganme, gerente médico da
Abbott, laboratório que está produzindo a nova droga.
No Brasil, a droga será estudada
pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Hospital Heliópolis, Hospital do Servidor Público
Estadual, Casa da Aids da Faculdade de Medicina da USP e Hospital
Evandro Chagas, da Fiocruz, no
Rio de Janeiro.
O protocolo de estudo precisa ser
aprovado pela comissão de ética
de cada instituição e depois pela
Conep, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa.
"A comissão do Heliópolis analise o protocolo hoje", disse Artur
Timerman, que coordenará as pesquisas nesse hospital. Segundo o
médico, a maioria dos pacientes já
foi previamente selecionada.
O ABT-378 só será comercializado depois que os estudos do Brasil
e outros países forem aprovados
pelo FDA, órgão do governo norte-americano que regula medicamentos e alimentos.
(AURELIANO BIANCARELLI)
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