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Epidemia pode deixar cegos índios do AM
LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Belém
Levantamento do Instituto de
Oftalmologia de Manaus revelou
que 55% dos 298 índios makus
examinados em duas aldeias no
município de São Gabriel da Cachoeira, oeste do Amazonas, tinham tracoma.
"Os números levam a crer que a
doença deve ser endêmica na região", afirma o professor Cláudio
Chaves, que participou da expedição há cerca de um mês.
O tracoma é uma doença transmitida pela bactéria Clamídia trachomatis por meio do contato humano. Nos primeiros estágios, a
pessoa tem uma conjuntivite causada por uma inflamação na parte
interna da pálpebra.
Com os anos, a doença evolui deformando os cílios que acabam
machucando a córnea e causando
cegueira parcial ou total.
Chaves disse que pelo menos dez
índios examinados tinham manchas brancas na córnea e enxergavam com dificuldade. A Associação Saúde Sem Limites, que atua
em São Gabriel, registrou dois casos de cegueira entre 1997 e 1998.
Para tentar reverter o quadro, a
associação, a Prefeitura de São Gabriel, a Fundação Nacional de Saúde e a diocese do município promoveram um curso que treinou 35
profissionais que atuam no município de 35 mil habitantes, a grande maioria índios de 19 etnias.
Chaves lembra que o tratamento
é simples, só um comprimido antibiótico. A dificuldade, porém, está
nas diferenças culturais.
Além de tracoma, outra doença
relacionada com a visão tem afetado a população indígena da Amazônia. Cerca de 70% dos 9.000 índios ianomâmi de Roraima sofrem
de oncocercose, também conhecida como cegueira de rio.
Como o tracoma, a oncocercose
demora 20 anos para chegar ao estágio final, causando cegueira.
Segundo o coordenador do controle da oncocercose na fundação
de Roraima, Reneris Pinheiro, até
agora só foi confirmado um caso
de cegueira na reserva.
Há cerca de três semanas, a fundação foi para a área concluir uma
das etapas do tratamento. Pinheiro afirma que apenas 30% dos ianomâmi são atingidos pelo programa.
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