São Paulo, Terça-feira, 09 de Março de 1999
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ADMINISTRAÇÃO
Salário dos servidores de Sertãozinho está atrasado
Bloqueio de verbas faz prefeita liderar greve no interior de SP

ALESSANDRO BRAGHETO
da Folha Ribeirão

A prefeita de Sertãozinho (330 km de São Paulo), Maria Neli Mussa Tonielo (PPB), está liderando uma greve de cerca de 1.600 servidores municipais -90% da categoria- contra o atraso dos salários de fevereiro. O movimento teve início ontem.
Por causa da greve, os postos de saúde suspenderam as consultas, e pelo menos 2.000 pessoas não foram atendidas. Cerca de 4.000 alunos ficaram sem aulas.
A prefeita vincula o atraso dos salários ao bloqueio de repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) por parte do Banco do Brasil no início do mês passado.
O motivo do bloqueio dos repasses é uma dívida da prefeitura com o banco Fibra, contraída em 1995 pelo então prefeito Waldyr Trigo (PSDB). À época, o valor tomado junto à instituição financeira pela prefeitura foi de R$ 800 mil.
Segundo o banco, a dívida já chega a R$ 9,7 milhões, devido às várias renovações de contratos, juros e multas. Já a prefeitura calcula que deve R$ 1,8 milhão, no máximo.
Uma liminar obtida pelo banco Fibra junto ao Tribunal de Justiça de São Paulo bloqueou os repasses feitos à prefeitura em fevereiro.
Segundo a prefeita, cerca de R$ 3 milhões em repasses do ICMS e FPM não foram remetidos.
"Eles estão cobrando uma quantia absurda pela dívida inicial, que era de apenas R$ 800 mil, e não temos a mínima condição de pagá-la", afirmou a prefeita.
Segundo Neli, os repasses representam 80% da receita do município. "Sem esse dinheiro, fica impossível governar a cidade e acho justa a greve dos funcionários", afirmou ontem a prefeita.
Durante todo o dia de ontem, cerca de 150 funcionários municipais, liderados pela prefeita, se posicionaram em frente ao prédio do Banco do Brasil e impediram seu funcionamento. A gerência do banco não se manifestou ontem.
Segundo o procurador do município, Heraldo Luiz Dalmazo, a liminar que bloqueia os repasses deverá ser julgada até o final do mês. O banco Fibra não quis comentar o assunto ontem.


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