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SAÚDE
Programa inicia a distribuição de medicamento para combater deficiência de ferro em 512 cidades do Nordeste
Metade das crianças do país sofre de anemia
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Embora as mortes de crianças até
1 ano de idade por desnutrição tenham caído 38,5% entre 95 e 98, as
condições nutricionais dos brasileiros estão longe de serem satisfatórias. Segundo estimativa do próprio Ministério da Saúde, metade
da população entre 0 e 2 anos no
país é anêmica, o que significa cerca de 4,8 milhões de crianças.
No Chile, apenas 5% das crianças
dessa idade sofrem o problema.
Mesmo na Venezuela -país mais
pobre que o Brasil-, o problema é
menor: das crianças entre 0 e 2
anos, 15% são anêmicas.
"A anemia por deficiência de ferro em crianças é uma preocupação
crescente no Brasil. É o principal
problema nutricional em menores
de 5 anos em todo o país", afirma
Ana Goretti Maranhão, coordenadora de Saúde da Criança do Ministério da Saúde.
Em São Paulo e Pernambuco
-os dois Estados que possuem os
mais baixos índices de incidência
de anemia infantil no país- 46%
das crianças menores de 5 anos são
atingidas pelo problema.
Nos municípios mais pobres, a
estimativa do Ministério da Saúde
é que a anemia atinja quase toda a
população infantil.
Desenvolvimento
O alto índice de crianças anêmicas preocupa porque a falta de ferro compromete o crescimento,
atrasa o desenvolvimento cognitivo e psicomotor e diminui a resistência da criança a infecções.
A alimentação pobre em ferro e o
rápido crescimento da criança entre 6 meses e 2 anos são os principais motivos da alta incidência de
anemia no Brasil.
A dieta das crianças dessa idade
-sobretudo das carentes- muitas vezes consiste apenas de leite,
que não contém ferro, embora seja
rico em outras vitaminas.
Combate
Para combater o problema, o governo começa a distribuir sulfato
ferroso a partir de 15 de março em
512 municípios do Nordeste onde
a situação é crítica. A expectativa é
atender 300 mil crianças entre 0 e 2
anos na primeira fase, que acaba
em outubro.
O tratamento é simples: as mães
recebem o xarope de sulfato ferroso e devem dá-lo aos filhos uma
vez por semana, durante seis meses. O tratamento será acompanhado de perto pelos agentes comunitários de saúde, porque não
pode haver interrupção.
A primeira fase do programa
custará R$ 300 mil (R$ 1 por criança). A verba está garantida, apesar
dos cortes no Orçamento.
Se houver queda significativa no
número de crianças anêmicas até
outubro, o programa será expandido aos demais municípios do
Programa de Redução da Mortalidade Infantil -723 ao todo.
Além de atacar a anemia com a
distribuição de sulfato ferroso, o
Ministério da Saúde manterá as
ações de combate à desnutrição
que já estavam em andamento e
que ajudaram a reduzir o número
de óbitos (38,5%) e de internações
(29,5%). A principal delas é a distribuição de óleos comestíveis e
leite para 366 mil crianças até 2
anos de 3.036 municípios.
Enriquecimento
Além do suplemento o governo
negocia com indústrias condições
para enriquecer com ferro alimentos como farinha de trigo e farinha
de milho.
A exemplo do Chile, a maioria
dos países latino-americanos adotou o enriquecimento de alimentos como principal mecanismo de
combate à anemia.
A Venezuela começou a fortificar
obrigatoriamente toda a farinha
produzida no país em 93. Na época, 40% das crianças em idade pré-escolar eram anêmicas. Hoje, a incidência caiu para 15%.
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